Do início dos anos 1900 na Coreia, até o final do século XX no Japão, Min Jin Lee nos apresenta a história das gerações de uma família coreana que precisou sobreviver à pobreza da região rural e à violência da ocupação japonesa no país. É o exemplo de uma, dentre as milhares de famílias de imigrantes coreanos no Japão que precisaram esconder suas origens por conta do preconceito. Nessa obra, a autora consegue mesclar de forma muito habilidosa a vida dos personagens com o contexto histórico em que estavam inseridos.
Ao longo da narrativa, senti que o enfoque era dado à perspectiva das personagens mulheres, que sofriam por conta de uma cultura machista, que as acorrentava nas obrigações de cuidar da casa e da família, deixando de lado a possibilidade de amar ou ser independente. No enredo, leitor se depara com a força que a cultura e a tradição exercem nas escolhas de uma pessoa e como as consequências dessa escolha podem ecoar por anos.
Dentre as personagens, Sunja tem um papel principal e acaba vivendo uma vida bem sofrida, repleta de obstáculos e perdas. Após se apaixonar por um homem casado, Sunja é obrigada a deixar a pequena cidade onde vive e aceita se casar com um pastor japonês. E é no Japão que a personagem tem que criar os filhos em meio ao preconceito diário contra os coreanos e à dificuldade de encontrar um lugar para chamar de casa. É o sentimento de se sentir constantemente um estranho no próprio lugar em que vive; uma sensação de não pertencimento.
A escrita da autora de origem coreana é muito fluida e consegue nos transportar para o ambiente em que se passa o romance. Senti falta de saber mais do destino de Sunja e de outros personagens marcantes na parte final do livro, já que a autora acabou focando mais nos personagens secundários e deixou histórias “incompletas”. Mas isso também pode ter sido proposital por parte de Min Jin Lee, que buscava demonstrar como os “personagens principais” acabam perdendo sua importância ao longo dos anos e da vinda das novas gerações.
Super recomendado por Obama, Oprah e agora também pelo – muito menos importante – Bookster!?