O título já indica: Joaquim Soares da Cunha, também conhecido pela vida arruaceira como Quincas Berro D’água, morreu. Morreu fisicamente e, por ser muito querido, deixou um ar de tristeza em seus amigos. Até porque o personagem era famoso pelas ruas de Salvador, por onde andava com a cachaça na cabeça e em busca das mulheres de sua vida…
Na família, contudo, a sensação era de um pouco de vergonha – e, talvez, de alívio? Isso porque Quincas – ou, melhor, Joaquim, como eles preferem chamar – já havia morrido para seus familiares, alguns anos antes, quando decidiu largar todas as suas obrigações e a enfadonha vida dos padrões sociais, em que exercia o papel de funcionário exemplar, para poder viver fazendo o que gostava: beber e curtir a vida.
Essa decisão deixou toda a sua família de queixo caído e, por isso, quando Quincas foi encontrado morto sozinho em seu quarto simples, ninguém mais o considerava como um cidadão de respeito, como era visto o antigo Joaquim. Mas três amigos da vida nova, aquela escolhida por Quincas, fizeram questão de comparecer em seu velório. E, a partir daí, quando os amigos chegam bêbados para fazer a sua última visita e acabam sendo deixados sozinhos com o morto pela família, as aventuras na vida do personagem principal recomeçam…
Será que vale viver a vida se preocupando com a opinião dos outros? Será que por trás de Joaquim sempre esteve Quincas, sob as amarras das convenções sociais? Enquanto Jorge Amado transporta o leitor para a Bahia, o autor traça um interessante contraste entre a vida das aparências e a vida boêmia, descompromissada, e das verdadeiras relações de amizade.
Um ótimo livro, bem-humorado, de leitura rápida e que confirma a capacidade de Jorge Amado de incluir uma crítica social de forma natural no desenvolvimento de suas narrativas. Para quem nunca se aventurou pelas obras de Jorge Amado, essa pode ser uma boa porta de entrada! Divirtam-se!