Não há dúvidas que algumas leituras exigem mais do leitor. Às vezes, começamos uma obra e, mesmo depois de várias páginas, ainda sentimos dificuldades para compreender por onde a autora está nos conduzindo. Mas o que fazer nessas horas? Desistir? Percebi que “Amada” foi uma leitura desafiadora para vários seguidores, que logo vinham me pedir dicas para não precisar abandonar o livro.
E a primeira dica que costumo dar é: leia a sinopse do livro. Assim, você já consegue se ambientar mais na história, apesar das lacunas deixadas pela autora. Uma outra coisa que ajuda é ler os textos de apoio e resenhas escritas por outros leitores, que podem ter dicas mais específicas para aquela leitura.
No caso de “Amada”, a dificuldade inicial se dá principalmente pela mistura que a autora norte-americana faz entre o momento presente e as lembranças dos personagens. Ao iniciar a obra com esse aviso, a gente já presta mais atenção nessas mudanças bruscas dos momentos da narrativa. E essa dificuldade também vai melhorando ao longo da obra…
Toda essa introdução serviu para encorajar você, leitor, a começar ou prosseguir com essa leitura incrível. “Amada” é a obra-prima de Morrison, primeira escritora negra a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993. A obra narra uma forte e sensível história de escravidão e racismo no século XIX. Sethe, uma mulher escravizada que fugiu da fazenda em que era obrigada a trabalhar, agora vive com sua filha em uma casa assombrada por um fantasma. O passado de Sethe é angustiante e muito sofrido. E esse fantasma nada mais é do que um resquício das tristezas vividas pela personagem.
Paul D, um ex-escravizado que vivia na mesma fazenda que Sethe, surge repentinamente na casa em que vivem mãe e filha. A partir disso, mudanças começam a acontecer na vida dos personagens, o que é agravado com a chegada de uma nova garota na vida dessa família: Amada. A personagem chega para remexer nos fantasmas que habitam em Sether, Denver e Paul D.
Um livro forte e marcante. Apesar das dificuldades iniciais, a leitura depois flui muito bem e a escrita de Morrison consegue mexer com os sentimentos do leitor.