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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO

NOTA 9/10

Ninguém escreve ao Coronel, de Gabriel Garcia Márquez | Resenha

Eu gosto muito da escrita do Gabo, da forma com que ele cria enredos simples, até cômicos, mas ao mesmo constrói ambientes riquíssimos e desenvolve personagens marcantes. São narrativas tão gostosas de ler e, ao mesmo tempo, responsáveis por despertar reflexões sobre relações humanas, problemas sociais e peculiaridades da nossa condição.⁣

Em “Ninguém escreve ao Coronel”, o destaque vai para a forma com que a velhice é retratada. Como se aos poucos passássemos a ser esquecidos, tanto pelos que estão à nossa volta, como também pela própria sociedade. Toda semana, o Coronel aposentado vai ao correio na esperança de receber o que lhe era de direito: o pagamento de sua pensão. São tantos anos de espera, que em cada retorno para casa o personagem tenta se convencer de que algum novo problema pode ter ocorrido. A verdade é: qual o real valor do trabalhador que não tem mais utilidade? É o abandono social, uma questão ainda muito atual…⁣

E essa espera não é uma mera distração para a sua velhice entendida. É uma necessidade. As suas reservas vão desaparecendo. Os imóveis e objetos da casa vão sendo vendidos e, aos poucos, a sensação é que até a esposa com quem convive vai definhando. O medo da fome faz parte do dia a dia daquela casa.⁣

Em paralelo, há também uma certa obsessão do Coronel por um galo de rinha que pertencia ao filho que faleceu. Todas as energias e recursos acabam se voltando para o pobre animal, como se assim o Coronel conseguisse deixar viva uma memória de seu filho.⁣

É uma leitura rápida, cômica, mas não pouco sofrida. Escrita aos 29 anos, esse livro é uma boa amostra da genialidade das obras posteriores que Gabo viria a escrever ao longo de sua vida.⁣


Trecho:⁣
“- As ilusões não se comem – respondeu ela.⁣
– Não se comem, mas alimentam – retorquiu o coronel.”

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NOTA 8/10