Veja também

DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

DIVERSOS

NOTA Nota 9/10

Baratas, de Scholastique Mukasonga | Resenha

“Baratas” é o termo pejorativo para se referir ao povo da etnia Tusti pelos Hutus, que são a maioria em Ruanda. A perseguição ao grupo minoritário era tão intensa que resultou em um massacre no ano de 1994, que vitimou brutalmente quase 1 milhão de pessoas em um período de apenas 100 dias. O Genocídio de Ruanda, como ficou conhecido, é um dos mais brutais acontecimentos da História recente.

A autora nasceu em Ruanda mas conseguiu fugir a tempo e sobreviver ao genocídio. No entanto, a maior parte da sua família não teve a mesma sorte e acabou se tornando mais um dentre tantos Tutsis mortos. E é justamente essas memórias de uma sobrevivente que encontramos em “Baratas”, um texto autobiográfico que alcança as mais antigas lembranças de Scholastique para nos criar um panorama pessoal sobre a escalada da perseguição ao seu povo.

O livro é, por si só, um ato extremamente corajoso, já que a autora precisa revisitar muitos acontecimentos relacionados à morte de sua família e ao medo constante que viveu em um grande período da sua vida. O principal objetivo era sobreviver, desde a sua infância, enquanto seus pais tentavam dar aos seus filhos uma vida o mais normal possível em um ambiente de total insegurança e sem poder chamar a atenção. Algo impossível, que termina na fuga da autora de sua própria terra.

É o meu terceiro livro de Scholastique e fico impressionado com a capacidade da autora de impactar o leitor. A leitura é difícil, com passagens que incomodam por revelarem o grau de violência enfrentado pelos Tutsis. Na minha opinião, é necessário conhecer mais sobre esse acontecimento histórico tão triste e recente, mas que ainda é pouco conhecido por nós. Fica até difícil acreditar que de trata de uma história real. A sensação de revolta é inevitável.

Deixe seu comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Campos obrigatórios são marcados*.

Nome*:

Email*:

Comentário*

Veja também

DIVERSOS

Uma vida pequena, de Hanya Yanagihara | Resenha

Dilacerante! O romance de quase 800 páginas da autora norte-americana é alvo de polêmicas. Há quem leia e ame, mas há quem enxergue na obra um exagero do sofrimento, a banalização da dor. E em qual desses grupos eu me encaixo?

NOTA 10/10

DIVERSOS

As pequenas chances, de Natalia Timerman | Resenha

A preservação da memória daqueles que amamos e a busca pela história de quem antecedeu. É a partir de um texto pessoal, com are de autoficção, que Natalia nos apresenta esses temas tão sensíveis.

NOTA Como considero a autora uma amiga, prefiro não dar nota.