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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

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Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

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NOTA 10/10

Uma vida pequena, de Hanya Yanagihara | Resenha

Dilacerante! O romance de quase 800 páginas da autora norte-americana é alvo de polêmicas. Há quem leia e ame, mas há quem enxergue na obra um exagero do sofrimento, a banalização da dor. E em qual desses grupos eu me encaixo?

Bom, para começar, o enredo tem como ponto central a relação entre quatro amigos que se conhecem na universidade e cuja amizade invade os próximos anos de suas vidas. Hanya transita entre um presente e um passado para conseguir nos mostrar as particularidades e histórias de cada um daqueles homens. São dores, perdas e medos, mas que acabam encontrando naquela relação de amizade um amor que acolhe. O problema é que o passado extremamente sofrido de um dos amigos acaba exigindo a atenção de todos e impedindo um futuro sem dor.

Não há como negar que a autora despejou uma carga muito alta de sofrimento, que recai praticamente apenas sobre esse personagem. Às vezes, as repetidas tragédias podem até soar exageradas e inverossímeis, mas Hanya não escreveu somente uma história triste. Na minha opinião, a autora conseguiu construir uma narrativa com personagens extremamente bem desenvolvidos e que despertam a compaixão do leitor. E isso é sim uma consequência de um talento incrível da autora.

Ora, escrever sobre sofrimento não é uma garantia de prender ou impactar o leitor. Todo esse furor que “Uma vida pequena” causa, tem origem nesse universo tão real e humano criado por Hanya. A escrita também é muito cativante, com um mergulho na relação dos quatro personagens principais, ainda que a primeira parte do livro possa ter um ritmo mais arrastado. Há também muitos momentos felizes, emocionantes e que causam sensações boas em que lê a obra.

E o livro é tão impressionante que, muito embora eu tenha ficado com vontade de largá-lo, para não enfrentar mais o sofrimento, eu não consegui. Eu estava apegado demais àqueles amigos e precisava saber sobre o desenrolar daquela narrativa. Terminei o livro aos prantos, mas com a certeza de que os personagens ficaram marcados em mim. E isso, repito, é uma qualidade.

Ainda que eu tenha gostado muito, eu recomendo a leitura com MUITAS ressalvas. Leia ciente de que ele é muito triste e repleto de temas sensíveis, que podem ser gatilhos para diferentes leitores.

Nota 10/10

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NOTA Como considero a autora uma amiga, prefiro não dar nota.

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Um dos maiores destaques da literatura espanhola em 2023 foi o romance de estreia de Alana Portero. A autora nos apresenta de forma realista e sensível as dificuldades e angústias enfrentadas por uma criança trans. Mas a narrativa vai além do sofrimento, oferecendo ao leitor passagens comuns da vida de uma criança e adolescente. Seus gostos, medos, curiosidades, descobertas, primeira paixão... É um romance de formação de uma garota que cresce em um bairro operário na Madrid da década de 80.

NOTA 10/10