No que você pensa que te faz pensar das pessoas amadas que já partiram? Para Michelle Zauner, a culinária coreana desperta suas memórias com sua mãe. Ao entrar em um supermercado especializado em comida asiática, a autora desaba. Olha ao seu redor e pensa: minha mãe poderia estar aqui. E junto com as lágrimas, vem a saudades.
E foi esse o sentimento que deu início ao #DesafioBookster2024. A lembrança dos momentos que passamos com aqueles que nos deixaram. No caso de Michelle, não há apenas memórias felizes. A relação com sua mãe foi conturbada e com muitas distâncias, talvez a principal delas a cultural. Sua mãe migrou de Seul em destino os EUA para casar com um norte-americano. A autora nasceu e foi criada na cultura ocidental, apesar da lembrança diária dentro de casa de suas raízes. E apesar da fronteira linguística, suas visitas a Seul eram a prova mais evidente de sua origem.
E para nos levar nesse encontro com o passado, Michelle tempera seu texto com muitas comidas (sendo a maioria impronunciáveis por mim). O ponto mais intenso da leitura inicia quando a autora descobre que sua mãe está com uma doença grave, que acaba a vitimando um tempo depois. Assim como uma receita que leva tempo e exige dedicação, o processo de luta da mãe contra a doença demandou muito das duas. E, para piorar, como é possível viver sem a figura materna? Para mim, um dos meus maiores medos. Para Michelle, uma realidade sem saída, uma sala sem portas, como ela bem descreve.
Confesso que as inúmeras referências à culinária me cansaram, o que prejudicou a minha aproximação com os personagens.
Mas ainda assim, o tema da perda e a relação que ela descreve com a mãe permitiram que eu aproveitasse a leitura! Para terminar, tivemos uma conversa maravilhosa sobre o livro com a @anaclaudiaquintanaarantes, que você encontra no meu canal do Youtube.