19 de março, Philip Roth completaria 90 anos. Publicado em 2010, Nêmesis foi o último romance escrito pelo autor norte-americano e o escolhido para o mês de fevereiro do #DesafioBookster2023, em que a proposta era buscar um livro relacionado com o tema das epidemias/pandemias.
Em “Nêmesis”, Roth narra a epidemia de poliomielite que fez inúmeras vítimas na década de 40 e 50 nos Estados Unidos. O cenário para o romance é um bairro judeu periférico, mais especificamente o pátio de sua escola. Bucky Cantor, um jovem professor de educação física, é o responsável por tomar conta dos estudantes que brincam no pátio.
A vida de Bucky toma rumos desafiadores quando adolescentes cospem no chão do pátio para tentar disseminar a doença contra os judeus daquele bairro. A partir disso, o medo de contrair a doença, que naquela época podia ser fatal, e a falta de informação acabam tornando a vida dos cidadãos um pesadelo. Em um verão muito quente, as crianças se veem presas em casa. As mortes de crianças começam a surgir e a impotência diante de uma doença incontrolável toma conta do protagonista.
Ao longo da leitura, foi impossível não se identificar com a narrativa diante do que vivenciamos com a pandemia do Coronavirus nos últimos anos. A doença invisível toma conta da vida daquela cidade e, quando não faz uma vítima fatal, acaba deixando graves sequelas irreversíveis. O que torna ainda pior a situação é o desconhecimento sobre a doença, quando os avanços da medicina ainda eram mais limitados.
O livro, que venceu o International Booker Prize de 2011, é denso e para alguns leitores pode parecer arrastado. Um dos temas mais presentes no livro é a sensação de culpa que passa a acometer Bucky e o persegue no decorrer da história. Eu gostei do desenvolvimento da narrativa e, para mim, o ritmo mais lento serviu para mostrar a própria impotência do personagem principal. Um destaque para a parte final, que mostra o lado mais subjetivo de quem não consegue superar os fantasmas interiores.