Veja também

DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 8/10

O pianista da estação, de Jean Baptiste-Andrea | Resenha

Você já passou por aqueles pianos que ficam em lugares públicos e se perguntou: qual a história dessa pessoa que está tocando? Que, deixando o medo da opinião alheia de lado, se dispõe a emocionar os outros com a sua música?

No livro, conhecemos Joseph, um senhor de 69 anos que passa seus dias tocando em pianos espalhados por espaços públicos na Europa. Ao leitor, não é revelado o motivo desse hábito que aparenta ser tão solitário.
Mas sobre estar sozinho, o personagem conhece essa sensação há muitos anos. Quando ainda era criança, Joseph perde seus pais e sua única irmã em um acidente de avião.

E é a partir desse fato que Joseph convida o leitor a conhecer suas memórias. As memórias de um garoto órfão que, aos 16 anos, é abandonado em um orfanato em uma cidade remota da França. O local, regido por uma instituição religioso, é palco de sofrimento e solidão para o protagonista e muitos outros garotos que vivem no local. A rotina é triste, repetitiva e repleta de obrigações. Quem foge às regras, é punido de diversas formas, sendo o castigo físico algo comum naquele ambiente.

O primeiro jovem que Joseph conhece é Momo, um garoto portador de deficiência cognitiva, que logo vira vítima de chacota dos colegas. Aos poucos, o protagonista conhece outros jovens que sobrevivem com base em uma crença comum: a esperança de um dia sair daquele local. A situação foge de controle quando Joseph conhece um garota e, por conta disso, ganha um pequeno acesso ao mundo externo do orfanato.

A escrita é gostosa de ler e achei muito interessante a forma como o autor aborda a questão da orfandade. Confesso que dois pontos me incomodaram um pouco na leitura: a forma infantilizada que Joseph é apresentado, que se distancia de um garoto de 16 anos (talvez a época justifique isso); e o ritmo que fica mais lento no meio das 256 páginas. No entanto, o terço final do livro ganha muita força e o leitor não consegue largar as páginas até terminar. Essa parte final torna a experiência do livro muito emocionante e é capaz de arrancar lagrimas do leitor. Uma leitura emocionante!

Deixe seu comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Campos obrigatórios são marcados*.

Nome*:

Email*:

Comentário*

Veja também

FICÇÃO, LIVROS

Incidente em Antares, Érico Veríssimo | Resenha

gente que confio me indicando?

NOTA 10/10

FICÇÃO, LIVROS

Confissões de uma máscara, de Yukio Mishima | Resenha

Escrito na década de 40, Confissões de uma máscara é um clássico da literatura japonesa e uma narrativa marcada por conflitos. Há conflitos externos, tendo em vista que a narrativa se passa em parte no Japão durante o período entreguerras e a 2ª Guerra Mundial. No entanto, o livro é marcado, sobretudo, pelos conflitos internos do protagonista, já que o leitor vai acompanhar as angústias e a dificuldade de aceitação de um jovem com sua orientação sexual.

NOTA 9/10