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DIVERSOS

10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 8,5/10

Na colônia penal, de Franz Kafka | Resenha

Publicado em 1919, a novela de Kafka aborda temas ainda muito atuais, sobretudo em uma sociedade conservadora em que a ideia de fazer justiça é vista como uma forma de entretenimento. Já na primeira página da obra, somos apresentados a uma máquina peculiar, um instrumento de execução capaz de marcar na pele do condenado – ou da vítima – os crimes que ele teria supostamente cometido.

E digo supostamente porque, nesse “espetáculo” que dura aproximadamente 12 horas até a execução, o condenado não sabe direito por que está lá. Não lhe dão o direito a entender suas acusações e, muito menos, um direito à defesa. E o que mais choca o leitor é que para o Oficial que opera a máquina, não há nada de errado, já que provavelmente o acusado mentiria se pudesse se defender.

E tudo se passa em uma colônia penal, como o próprio título da obra já indica. No começo do século XX, as colônias penais – prisões construídas em ilhas isoladas – eram ferramentas comumente utilizadas por diversos países para remover da sociedade aqueles cidadãos tidos como indesejáveis. Sem qualquer controle externo, os prisioneiros eram submetidos a punições e torturas.

Mas vale refletir: ainda que as colônias penais tenham deixado de existir, será que nosso sistema prisional está muito diferente? É claro que a máquina mencionada na obra é um extremo da injusta justiça feita pelas próprias mãos. Mas será que as nossas prisões superpopulosas, em condições degradantes, não revelam um sistema interessado unicamente em reprimir ao invés de prevenir?

Apesar de a Constituição assegurar a qualquer cidadão o direito de não ser submetido a tortura ou a tratamento desumano, parte da sociedade aplaude a realidade em que sequer direitos mínimos ao prisioneiro são assegurados. Por isso, o trabalho de Kafka, apesar de chocante, revela um problema extremamente atual e que não pode ficar à margem de uma ilha isolada, esquecida pelo debate político e social.

Recomendo ler nessa edição da @antofagica, com textos de apoio que vão contribuir para a compreensão da obra e das reflexões que ela desperta. Além disso, as ilustrações enriquecem a experiência!

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Nossa Senhora do Nilo, de Scholastique Mukasonga | Resenha

O genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, é um dos episódios mais tristes e brutais sobre os que já li. Cerca de 1 milhão de pessoas foram mortas em apenas 100 dias. Além disso, ter visitado o país em 2019 me permitiu ver de perto como esse acontecimento está marcado profundamente na sociedade, ao mesmo tempo que Ruanda vem demonstrado um forte exemplo de reestruturação social e econômica no continente africano.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

A cidadela, de A. J. Cronin | Resenha

Que eu sou um fã de livros com temática de medicina, isso já deixei bem claro por aqui! Por isso, foi com muita expectativa que comecei a ler A cidadela, em que são narradas as condições de trabalho de um jovem médico recém-formado no início do século XX. Além disso, em nossa conversa para o @dariaumlivropodcast, o livro havia sido indicado por Antônio Fagundes como um dos seus favoritos.

NOTA 8,5/10