Quando recentemente estive na França, via “Heritage” em evidência nas estantes das livrarias que visitei. Curioso, fui logo pesquisar mais do livro, que venceu o Prix des Libraires 2021, e percebi que era o mesmo que há pouco havia recebido da @editoravestigio! Comecei a leitura sem saber o que esperar, já que a obra chegou recentemente nas livrarias brasileiras e ainda não tinha visto a opinião de alguém que já tivesse se aventurado por essas páginas… E que surpresa maravilhosa!
Já falei várias vezes por aqui que sou fã do realismo mágico, tipo de narrativa que, para minha felicidade, marca essa obra de Bonnefoy. Ao contar a trajetória da família Lonsonier, o autor nos envolve com sua escrita belíssima, com detalhes envolventes que desafiam a realidade e com personagens muito bem desenvolvidos. Inclusive, senti uma grande semelhança com a escrita de Isabel Allende em “A casa dos espíritos”, um livro que está na lista dos meus favoritos.
O cenário principal do romance é a cidade de Santiago do Chile. Lá se instalou o patriarca da família, após deixar a França no final do século XIX. A partir disso, acompanhamos a trajetória das próximas gerações, chegando até o Chile de Pinochet na década de 70. As personagens femininas na obra são, de longe, as mais marcantes:Thérèse e sua fixação pela beleza dos pássaros; Margot e sua paixão pela liberdade da aviação.
O aspecto histórico abordado por Bonnefoy deixa a obra ainda mais interessante. Conhecemos desde os traumas das trincheiras na primeira guerra mundial, os bombardeios aéreos que marcaram a segunda grande guerra e os sofrimentos de presos revolucionários em plena ditadura militar no Chile. Vale muito a leitura!