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Oração para desaparecer, de Socorro Acioli | Resenha

NOTA

Desafio Bookster

#DesafioBookster2024 | Junho

Mês: Junho
Sentimento: Afeto
Livro: Deus na escuridão, de Valter Hugo Mãe

NOTA

FICÇÃO

NOTA 9/10

Sobre a terra somos belos por um instante, de Ocean Vuong | Resenha

Em meio ao mês do orgulho LGBTQIA+, comecei essa leitura, muito bem indicada por Mia Couto no @dariaumlivropodcast, sem saber que a obra do autor vietnamita – que acaba de ser traduzida para o português – continha uma temática gay. Ocean Vuong é muito conhecido por suas obras de poesia e “Sobre a terra somos belos por um instante” foi sua primeira aventura em um romance.

Confesso que a leitura das primeiras páginas já deixa claro esse talento do autor para a poesia, já que a narrativa por ele construída é profunda e poética. Inclusive, o próprio título do livro revela esse tom, que irá permear toda a obra. De acordo com a sinopse, Vuong nos apresenta “uma carta de um filho para uma mãe que não sabe ler”. Mas a verdade é que a obra é muito mais que uma carta, é um mergulho nas memórias de uma família conflituosa e que sofre as dificuldades de viver em um país e em uma cultura distinta daquela em que nasceram.

O narrador, chamado carinhosamente de Cachorrinho (“little dog”), vai navegando por seu passado de forma fragmentada, com vários flashbacks que resgatam histórias de sua mãe e avó, fugidas do Vietnã em plena guerra contra os EUA. Os pontos centrais da narrativa são a relação entre mãe e filho – que é carregada de mágoas, desentendimentos e um amor não tão compreendido – e uma amizade tumultuada e intensa, que vão fazer com que o narrador questione sua verdadeira identidade.

Além disso, Vuong consegue trazer relevantes críticas sociais por meio da história de uma família sobrevivente. É o imigrante que fica à margem da sociedade e não é visto como um cidadão igual aos demais. É a masculinidade tóxica e a homofobia que impedem um amor verdadeiro. É o uso de drogas que tiram o futuro dos personagens. E a poesia está em tudo isso.

Vale dizer que o fato de a narrativa não ser linear, e de o autor fazer poesia com sua própria memória, tornam a leitura mais complexa e densa. Mas quando você se permite aproveitar aquele lirismo, sem se preocupar em querer “compreender” tudo o que vai sendo dito, a experiência se torna marcante.

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NOTA 10/10

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NOTA 9/10