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10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 9,5/10

A terceira vida de Grange Copeland, de Alice Walker | Resenha

Apesar de ser conhecida mundialmente por “A cor púrpura”, premiado romance que denunciou de forma impactante o racismo e machismo no sul dos Estados Unidos, Alice Walker tem uma ampla produção literária. No entanto, temos poucos de seus trabalhos publicados no Brasil e, por isso, a publicação de seu primeiro romance, “A terceira vida de Grange Copeland” (1970), foi recebida com muito entusiasmo – e, para alegria dos leitores, com uma crítica muito positiva.

Confesso que comecei a leitura com não tão altas expectativas, até porque tinha gostado muito de “A cor púrpura” e sabia que outro livro da autora dificilmente poderia superá-lo. A narrativa perpassa três gerações de uma família no sul dos Estados Unidos. Grange Copeland trabalha e depende da terra, que pouco tem a lhe oferecer. E cansado dessa pobreza e da falta de oportunidade para os negros, decide seguir rumo ao norte, deixando tudo – e todos – para trás. Mas a história se repete e, diferentemente do esperado, Copeland não encontra uma vida melhor. Diante disso, resolve retornar ao seu antigo “lar”, onde se depara com o pouco que restou de sua família.

É um cenário de extrema pobreza e repleto de violência. Copeland enxerga em seu filho, Brownfield, as consequências de uma violência que sempre vivenciou. A constante submissão vivida pelas mulheres e filhos nesse cenário é revoltante. A estrutura de poder que vai resistindo às gerações continua deixando marcas – às vezes fatais – em quem está por baixo.

E para construir esse enredo, Alice Walker se vale de uma escrita crua e capaz de transmitir ao leitor a brutalidade física e psicológica vivida pelos mais frágeis. Eu gostei muito do livro e me envolvi bastante com os personagens. Uma das partes que mais me marcou foi, no meio de tanta tristeza, a humanidade na relação de amizade nutrida entre Copeland e sua neta, filha de Brownfield. Isso mostra como a autora conhece sobre o ser humano e sobre a nossa necessidade de criar vínculos e afetos. Vale muito a pena a leitura!

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Em pouco mais de 120 páginas, a obra publicada em 1984 - e que levou o Prêmio Goncourt no mesmo ano - marcou a literatura mundial e colocou Duras como um dos principais nomes da literatura francesa.

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