Veja também

DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 9,5/10

Anjo negro, de Nelson Rodrigues | Resenha

Já li muitos comentários sobre a força e crueza características das obras de Nelson Rodrigues, e a leitura de “Anjo Negro” serviu para confirmar essa visão. A peça ficou censurada por dois anos, entre o período de 1946 a 1948, diante da forma polêmica com que o autor tratava temáticas sensíveis em sua narrativa, tais como racismo, relacionamento abusivo e incesto.

Os personagens principais da peça são Ismael e Virgínia. O principal conflito que marca a história do casal é a cor da pele de cada um. Ismael nunca conseguiu aceitar o fato de ter nascido negro. Vive buscando aprovações da sociedade, tendo inclusive escolhido uma profissão com o único objetivo de ter reconhecimento das pessoas que estavam a sua volta.

Já Virgínia, uma mulher loira e branca, sofre diariamente nas mãos de Ismael por ter nascido com uma característica que o marido sempre quis e invejou. Ismael isola a esposa do mundo, como se não quisesse que Virgínia soubesse que existiam homens brancos que pudessem levá-la a algum tipo de tentação. É uma vida repleta de sofrimentos…

E essa diferença entre os personages traz efeitos devastadores em suas vidas, sobretudo em relação aos filhos do casal que acabam sempre morrendo depois de algum tempo. Na verdade, o início da peça já é mercado por uma triste cena do velório de uma dessas crianças. Mas o cenário trágico em que vive o casal é agravado por uma visita inesperada de Elias, irmão de Ismael. A partir disso, a história passa a tomar outros contornos, que acabam agravado mais o atrito entre Ismael e Virgínia.

Como já antecipei, a escrita é crua e gera um tremendo incômodo no leitor. Se hoje a narrativa já é considerada polêmica, é difícil imaginar a repercussão que teve na época de sua publicação, em 1948. E essa minha primeira experiência com Nelson Rodrigues já conseguiu me deixar com vontade de conhecer mais dessa escrita potente e que escancara atritos da nossa sociedade.

PS: O livro pode conter gatilhos de estupro e relacionamentos abusivos.

Deixe seu comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Campos obrigatórios são marcados*.

Nome*:

Email*:

Comentário*

Veja também

FICÇÃO, LIVROS

O amante, de Marguerite Duras | Resenha

Em pouco mais de 120 páginas, a obra publicada em 1984 - e que levou o Prêmio Goncourt no mesmo ano - marcou a literatura mundial e colocou Duras como um dos principais nomes da literatura francesa.

NOTA 8,5/10

Desafio Bookster

#DesafioBookster2020 | Dezembro

NOTA