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Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

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NOTA 9/10

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O meu primeiro contato com o ganhador do Prêmio Nobel de 1946 foi com “Sidarta”. Amei a leitura, sobretudo a forma como Hesse conseguiu em poucas páginas construir personagens profundos e nos conduzir por questionamentos existenciais.

Apesar de tratar de uma temática bem distinta, a verdade é que a leitura de “Knulp” me lembrou bastante o estilo de “Sidarta”.

Também em poucas páginas, acompanhamos algumas passagens da vida de Knulp, um andarilho sem muito rumo na Alemanha do final do século XIX. A sinopse até parece simples demais e, por isso, não há nem muito como desenvolver a narrativa por aqui. É um daqueles livros que parecem ser sem graça quando você tenta contar para alguém, mas que encantam pela simplicidade.

E essa simplicidade e pureza nos sentimentos do personagem me tocaram muito. Knulp é a imagem da liberdade e do desapego a bens materiais e a laços sociais mais profundos. Por outro lado, o modo de vida do personagem acaba gerando um certo incômodo nas pessoas que cruzam o seu caminho. Todos pensam que Knulp está deixando de aproveitar a vida quando opta por andar sem rumo e sem “objetivos”. Todavia, é justamente aí que aparecem as principais reflexões encontradas na leitura: a simplicidade não seria uma forma de curtir a vida?

É um verdadeiro ato de rebeldia para os padrões sociais da época. Na verdade, ainda que esse tipo de história costume aparecer com mais frequência hoje em dia, em que pessoas abrem mão das convenções sociais e da rotina “normal” e resolvem tomar novos rumos, a sociedade ainda enxerga essa decisão como um desvio do que é certo.

A escrita de Hesse é incrível e a leitura flui muito bem. Recomendo muito, até porque você só vai conseguir entender o valor desse livro após lê-lo.

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Mário Gonzalez disse:

Para mim o Hesse fez parte de um período iniciático da vida. Eu tive algumas tormentas existenciais pós adolescência, questionava a previsibilidade dos caminhos traçados e quando li Demian, eu tinha uns 20 e poucos, me identifiquei super. Me disseram que Demian, o lobo da estepe e Sidarta era uma trilogia da busca do Hesse. Anos depois li O lobo, e um tempo depois Sidarta. Mas faz tempo e gostaria de reler.
Você já conhece a Carola Saavedra? Se não, te recomendo começar por “com armas sonolentas”. Uma narrativa do universo feminino, relação mãe e filha, a tênue fronteira entre a sanidade e a loucura. Nunca eu tinha entrado através da leitura nessa fronteira de uma forma tão nítida e tão suave. Lembra Clarice.

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