É muito comum ler críticas sobre livros de auto-ajuda, como se eles fossem um gênero inferior de leitura, sobretudo quando comparados a obras literárias. Como costumo falar por aqui, entendo que preconceitos literários e generalizações nos impedem de conhecer e diversificar nossas leituras e podem afastar alguns leitores da conversa sobre livros. Na verdade, acho que esses gêneros nem deveriam ser comparados, já que têm propostas totalmente diferentes e podem ser aproveitados por quem os lê.
Pessoalmente, gosto dos livros de não ficção – e que se enquadram na categoria de desenvolvimento pessoal – quando a autora/autor propõe reflexões e ensinamentos por meio da experiência na área que dominam. E é justamente isso que a Dra. Ana Claudia Arantes faz nesse livro!
Médica especializada em cuidados paliativos, assim definidos como ações que visam a melhorar a qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que ameace a vida, a autora se vale de sua vivência com centenas de pacientes para lidar com um assunto tão incômodo: a morte.
O que mais me impressionou na leitura foi a sensibilidade e a simplicidade com que os temas são abordados pela Dra. Ana. A proposta é despertar no leitor reflexões sobre os taboos que envolvem o tema, a relevância dos cuidados paliativos e a necessidade de “normalizarmos” a nossa relação com a morte.
Além de uma parte mais técnica sobre a temática dos cuidados paliativos, há também passagens bem emocionantes de relatos da autora com seus pacientes. É a atuação de um médico que não se limita aos conhecimentos sobre o corpo e as doenças, mas depende de uma visão muito mais completa do ser humano assistido.
Apesar de ser uma leitura muito agradável e convidativa, as palavras da autora podem causar um certo desconforto – muitas vezes necessário – e acabam ficando na nossa cabeça por muitos dias. Recomendo muito!