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DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 8/10

Identidade, de Nella Larsen | Resenha

Publicado em 1929, o livro narra a historia de duas amigas de infância, Irene e Clare, que acabam tomando rumos diferentes. Ambas são criadas no Harlem, bairro de Nova York, e “são negras de pele clara que podem se passar por brancas”. Enquanto Irene aceita a sua origem e a sua cor, Clare acaba tomando decisões baseadas na ideia de se passar por uma mulher branca na sociedade.

E as diferenças entre as vidas das duas personagens acabam produzindo um incômodo choque quando Irene e Clare se reencontram já adultas. Irene vive uma vida invejável, casou com um marido negro que a ama, tem dois filhos e uma boa condição financeira. No entanto, a volta de Clare acaba despertando questionamentos na personagem e a coloca de cara com a revoltante questão do racismo. Isso porque, além de representar a negação de um destino que Irene escolheu para si, Clare vem acompanhada de um marido muito preconceituoso e que desconhece as origens da esposa. É um conflito de identidades que acaba estremecendo a antiga relação entres as duas.

Como a narrativa é apresentada a partir da perspectiva de Irene, acabamos ficando mais contaminados pelas suas opiniões sobre a vida secreta da amiga. De fato, não somos apresentados aos motivos que levaram Clare a optar por esquecer a sua origem e as dificuldades que enfrentou nesse processo.

Achei a leitura simples e muito interessante, até por trazer uma perspectiva atual não tão abordada da temática racial, mas acabei sentindo falta de um aprofundamento melhor nos personagens e um desenvolvimento de algumas passagens (incluindo um final abrupto).

No entanto, é importante entender o quanto a obra foi importante para a época em que foi produzida, revelando uma postura revolucionária em relação ao cenário de discriminação existente. Nascida em 1891, Nella Larsen escreveu apenas três obras, mas é considerada como uma das principais influências da “Renascença do Harlem”. Uma interessante obra sobre uma perspectiva pouco abordada das questões raciais.

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LIVROS, NÃO FICÇÃO

Verificado “Nascido do crime”, de Trevor Noah | Resenha

Trevor Noah nasceu em uma África do Sul ainda marcada pelo apartheid. Um período triste e cruel da história do país, que se valeu das próprias diferenças de etnias que o país abarca para colocar a população negra em conflito e, assim, facilitar o domínio dos brancos. E é nesse cenário que o autor, um comediante muito aplaudido, inicia a sua autobiografia.⁣

NOTA 9/10