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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO, LIVROS

NOTA 9,5/10

Cidadã de segunda classe, de Buchi Emecheta | Resenha

O título escolhido pela incrível autora nigeriana consegue definir bem a forma como Adah, a protagonista do livro, se sente na Inglaterra da década de 60. Muito embora Adah tenha nascido e sido criada na Nigéria, decidiu deixar o país e acompanhar os passos do marido em busca de uma vida mais promissora para si e para seus filhos. Mas o que a jovem não sabia é que naquele país a rotina seria de muita discriminação. A discriminação por ser estrangeira, negra e mulher.

E não bastasse a forma cruel com que a sociedade lhe trata, o ambiente íntimo familiar é ainda pior. Francis, seu marido, é o retrato daquele que suga até as últimas forças de sua companheira. O abuso psicológico e físico é algo constante na relação. E, mais que isso, a fragilidade e insegurança de Francis não consegue conviver com o fato de que é Adah quem sustenta a família com um trabalho, sobre o qual se somam os trabalhos domésticos e a criação dos filhos.

A força do relato sofrido da vida de Adah parece vir da própria história da autora nigeriana. Nascida em 1944, em Lagos, na Nigéria, Buchi Emecheta também perdeu os pais e foi dada em casamento ainda quando criança, também se mudou para uma Londres racista e xenofóbica e também foi vítima de um triste relacionamento abusivo.

A escrita é tranquila e, apesar do impacto e da crueza das passagens, consegue segurar o leitor. Ao longo do livro foram vários os momentos em que senti uma vontade de poder interferir naquela situação tão injusta, o que confirma a minha aproximação com a personagem.

Além dessa obra, já havia lido “As alegrias da maternidade” da mesma autora e a experiência com as duas obras foi muito marcante. Emecheta é uma daquelas autoras que, na minha opinião, merecem ainda mais destaque na literatura universal. Suas obras são uma denúncia de realidades muito frequentes, mas ainda pouco conhecidas. Por isso, se desejo que as palavras da autora possam ser espalhadas por todos os cantos, o que posso recomendar para vocês é que leiam seus livros! Recomendo muito!

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