Quando se discute como o poder judiciário pode ser falho, são casos como o de Anthony Hinton que vem à cabeça. Imagine passar 30 anos no corredor da morte, enquanto se tenta de toda forma mostrar que não cometeu um crime, para, só então, ser declarado inocente. Foi esse nível de injustiça que o autor sofreu e busca compartilhar em sua autobiografia.
Foi com 29 anos que Hinton, um jovem negro e de uma família simples, foi acusado de ter assassinado 2 pessoas. Apesar das inconsistências da acusação, o autor ainda assim foi condenado à pena de morte. Muito disso tem como causa a vontade cega de um promotor em condenar quem ele entende não ser um “cidadão do bem”, bem como a falta de uma defesa adequada, patrocinada por um defensor público que enxergava o processo como só mais uma tarefa a ser concluída.
É impossível fazer a leitura sem sentir uma extrema revolta contra um governo míope e contra inúmeras violações a garantias básicas de um cidadão. Mas o mais triste disso tudo é pensar como essas injustiças ainda ocorrem e quantos Hintons ainda passarão pelo que o autor viveu.
O racismo é um tema recorrente da obra. É o racismo sob o viés do sistema judiciário, que dá enfoque ao jovem negro dos bairros pobres. O livro também traz à tona a discussão da pena de morte. Se Hinton teve a sorte de conseguir escapar depois de três décadas de prisão indevida, esse não foi o destino de outros condenados à morte pelo Estado.
A maior parte do livro escutei pela plataforma @autibooks. E apesar da relevância, senti que a história ficou um pouco cansativa, principalmente pela repetição de passagens da vida do autor e de algumas reflexões que ele queria passar. E isso foi refletido na nota que dei… Talvez isso seja uma consequência de eu ter optado pelo audiobook, mas não tenho certeza. Ainda assim, vale a leitura!