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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

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NOTA 9/10

O quinze, de Rachel de Queiroz | Resenha

Com apenas 19 anos, a autora cearense publicou um dos principais clássicos sobre a nossa cultura brasileira: um retrato humano do sertão nordestino, da vida difícil do sertanejo, que faz de tudo para tentar sobreviver diante de tanta miséria e dificuldades ambientais. Mas, além disso, “O quinze” ficou marcado na historia por ter sido publicado por uma mulher durante a década de 30, explorando temas de relevância social e retratando personagens femininas que fogem do estereótipo esperado naquela época.

Apesar de ter nascido em uma família de intelectuais e em boas condições financeiras, Rachel de Queiroz conhecia a tradição local, cresceu ouvindo sobre a seca e sobre as dificuldades de muitos dos seus conterrâneos. É por isso que consegue nos transmitir essa realidade de forma tão tocante. Carregada de regionalismo, a autora faz uma denuncia sobre a miséria, a desigualdade e a indiferença dos abastados e dos políticos frente à pobreza do povo.

O período retratado em “O quinze” é a seca que assolou o Ceará em 1915 (daí a razão do título). O personagem principal é Chico Bento e sua família, um grupo de retirantes que carregam o pouco – ou quase nada – do que tinham para fugir e da seca. Atravessam a pé a terra sedenta em busca de salvação no litoral nordestino. O outro núcleo da narrativa é conduzido por Conceição, uma jovem que vive com a avó e que, nascida em melhores condições, consegue fugir de trem da pequena cidade de Logradouro. Nesse cenário, já fica claro que a seca atinge o povo de forma desigual.

A escrita é carregada de oralidade e regionalismos, mas com uma linguagem mais simples, diferente do que Euclides da Cunha usa em “Os sertões”, por exemplo. Gostei muito da forma humana que um ambiente tão brasileiro é construído. Não dá para não sentir uma identidade com “Vidas secas”, um livro que me marcou demais na juventude. E, inclusive, Graciliano Ramos pode ter se inspirado em “O quinze” para escrever uma das suas grandes obras. “O quinze” deve sempre ser lembrado, celebrado e aproveitado por nós, leitores.

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