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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO

NOTA 8/10

Flores para Algernon, de Daniel Keyes | Resenha

Até que ponto a ciência pode interferir na natureza humana? E quais as consequências? Nessa obra, o limite entre ciência e ética foi testado. Um experimento conduzido em uma universidade promete algo aparentemente louvável: melhorar a inteligência daqueles que, por motivos diversos, vivem com alguma deficiência intelectual. ⁣⁣
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Charlie é escolhido para testar essa nova tecnologia. E, ao longo da obra, vemos a sua evolução por meio dos “relatórios de progresso”, que nada mais são que um diário do dia a dia do personagem. A obra é, portanto, escrita a partir da perspectiva de Charlie, sempre em primeira pessoa.⁣⁣
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No início, os relatórios de progresso refletem a deficiência de Charlie, que tem extrema dificuldade de escrever e se expressar. Mas não é só isso: é possível perceber como Chralie tem uma visão inocente sobre as pessoas e as situações à sua volta. Ele não percebe as discriminações que sofre dos colegas de trabalho ou até mesmo não parece entender direito o que o procedimento inovador pode mudar em sua vida. É um indivíduo que vive em sua própria realidade e, muitas vezes, é incompreendido. ⁣⁣
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No decorrer de sua recuperação, a melhora da “inteligência” de Charlie começa a ser vista na sua escrita e na forma mais detalhada com que ele passa a descrever os momentos do seu dia. A melhora é, inclusive, percebida pelo personagem, que passa a ter consciência da discriminação que sofria e, com isso, sua inocência acaba virando revolta. Será que ele era mais feliz? E é justamente esse o ponto que achei mais interessante no livro, como o próprio personagem vai entendo a sua condição, analisando como era ser uma pessoa que vivia a par da sociedade. ⁣
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Confesso, contudo, que a leitura não me cativou tanto. Talvez pelo fato de ter sido escrito em forma relatos, não consegui me apegar tanto ao personagem, o que melhor no final (senti o começo da narrativa um pouco artificial e, por isso, demorei para engatar).

Mesmo assim, recomendo a leitura, principalmente pelas reflexões sobre a perspectiva daquele que é visto como inferior! Escrito em 1959, mas muito atual!

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NOTA 7,5/10

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NOTA 9/10