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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

NÃO FICÇÃO

NOTA 8,5/10

Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias, de Philip Gourevitch | Resenha

Como é possível sabermos tão pouco sobre um dos episódios recentes mais tristes da humanidade? Por que não aprendemos na escola a história de um genocídio que, em 1994, exterminou mais de um milhão de pessoas em apenas 100 dias em Ruanda por conta de diferenças étnicas? Talvez o que acontece em um pequeno país no meio do continente africano possa não interessar muito aos meios de comunicação do ponto de vista político ou econômico… mas, independentemente disso, a gente pode corrigir esse filtro seletivo das informações que chegam até nós durante a juventude.

A história é, sim, extremamente triste. É visceral. Mas como seres humanos nós precisamos conhecer a nossa história, saber do que – infelizmente – somos capazes, até mesmo para evitar novos episódios como esse. Temos que saber que uma política discriminatória aparentemente inofensiva pode levar a um massacre coletivo, coisa de filme de terror. E é isso que o trabalho do jornalista norte-americano Philip Gourevitch, que passou três anos pesquisando sobre a tragédia, traz ao leitor. É um verdadeiro mergulho na história do país, percorrendo todo o período que antecedeu o genocídio, os próprios meses dos assassinatos em massa e os momentos seguintes ao acontecimento que deixou uma marca eterna nos cidadãos daquele país. São relatos com vítimas diretas de ataques, assassinos e pessoas ligadas ao governo.

A escrita é envolvente, mas Gourevitch não se importa em revelar detalhes assustadores do que aconteceu em Ruanda. É um livro que causa extremo desconforto no leitor, mas que é fruto de uma pesquisa profunda da mentalidade do povo ruandês. A obra é extensa e, por isso, recomendo que você alterne com um livro de ficção mais tranquilo, o que pode evitar que a leitura se torne um pouco repetitiva e cansativa. Li o livro antes da minha viagem para Ruanda e, com toda certeza, a leitura enriqueceu muito minha experiência na viagem! O país é incrível, assim como o seu povo, que conseguiu aprender com a tragédia e se transformar em uma referência de desenvolvimento para os países africanos.

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Polêmica. A leitura de uma das obras mais conhecidas de Philip Roth deixa nítida a intenção do autor em causar um incômodo no leitor, se valendo da temática da masturbação e dos conflitos familiares como objeto central das angústias e insatisfações do personagem principal.

NOTA 7,5/10