A autora iraniana resolveu escrever sua autobiografia em forma de quadrinhos para contar os fatos que marcaram a sua – nada comum – infância e juventude. A intenção de Marjane foi escrever um relato apenas para seus amigos, mas a recepção foi tão positiva que a autora logo tornou a sua obra uma ferramenta para disseminar uma história de opressão religiosa, choques de cultura e saúde mental.
Nascida em um Irã ainda liberal, e criada por uma família pouco religiosa, Marjane vivenciou uma mudança radical ainda quando criança: seu país passou por uma revolução que colocou no poder um governo autoritário e fundamentalista, liderado por um chefe religioso. Com 10 anos, a menina passa a ser obrigada a usar o véu, a estudar em uma escola apenas para garotas e a mudar detalhes do seu dia a dia.
No entanto, a garota não conseguia aceitar as mudanças radicais e, com medo das consequências que seu comportamento rebelde poderia trazer, os pais de Marjane decidem enviá-la para a Europa. Diante disso, e com apenas 14 anos, a protagonista aterrissa sozinha na Áustria. Os choques culturais já são percebidos logo de início e, ainda que tenha encontrado um país liberal, Marjane se sente deslocada. Ela logo percebe como a criação em uma sociedade extremista pode impactar na formação do indivíduo. Marjane é muito diferente dos jovens da sua idade e, por isso, passa a fazer de tudo para disfarçar as barreiras culturais que a tornavam “esquisita”. Essa luta para tentar se adaptar a um mundo tão diferente traz sérias consequências para a protagonista. Apesar de não ter que lutar mais contra a opressão do governo, Marjane precisar combater uma forte depressão e conviver com a solidão de uma vida longe da família.
A leitura realmente surpreende pela profundidade e acaba por derrubar aquela ideia de que histórias em quadrinhos são para crianças e adolescentes. Se você também pensa assim, dê uma chance para “Persépolis” e tenho certeza de que você terminará a leitura impactado(a) com a história de uma mulher que enfrenta inúmeras dificuldades para conseguir garantir o seus mínimos direitos a uma vida livre e sem discriminações.
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