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Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

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O cenário é chocante: o planeta realmente está devastado. A descrição do ambiente é tão recorrente que, depois de algumas páginas, o ar repleto de cinzas e o céu turvo ficam em nossa imaginação ao longo da leitura. E o que mais me marcou foi o lado psicológico da obra: a relação entre pai e filho em uma situação de extremo abandono e falta de esperança. Apesar de ser escrito em 3ª pessoa, a sensação que temos é que, em alguns momentos, a obra passa a ser contada a partir da perspectiva do homem, e, em outros, passamos a acompanhar os desafios dos personagens do ponto de vista do menino.
Então, seja pela descrição das cenas, seja pelos diálogos curtos e diretos (às vezes até demais), a angústia do pai pela sobrevivência do filho impacta o leitor. Ao mesmo tempo, a coragem do garoto e o seu desejo de não ser abandonado pela última pessoa que lhe resta no mundo despertam a compaixão de quem lê a história.
Além disso, é engraçado que, embora possua um forte lado psicológico, os personagens chegam a ser “universais”. Tanto o homem como o menino não possuem nome, não têm uma personalidade muito peculiar e também não nos contam muito sobre seu passado. São duas pessoas, um garoto e um adulto, compartilhando os anseios e as dúvidas sobre um futuro incerto.

É tão boa essa sensação de ser surpreendido por uma leitura sobre a qual você não tinha muitas expectativas! .
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“You never know what worse luck your bad luck has saved you from.”

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Jéssica disse:

O filme é angustiante e triste. Não sabia que havia o livro. Indicação salva.

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