Considerado o romance mais aclamado da literatura mexicana, Pedro Páramo é uma leitura única e que exige do leitor. A sinopse e as pouco mais de 100 páginas podem deixar o leitor em dúvida sobre a real força desse romance. Na verdade, nem se pode falar tanto do enredo do livro sem correr o risco de dar grandes spoilers – ou de tirar do futuro leitor a curiosidade no decorrer das páginas. O que posso adiantar desse romance é que ele tem início com uma promessa. No leito de morte de sua mãe, Juan Preciado prometer sair em busca de seu pai, Pedro Páramo. Ao chegar na pequena cidade, o protagonista logo descobre que Pedro Páramo já faleceu faz tempo e que, aparentemente, todos na cidade se foram. No entanto, um clima de assombro e incertezas começa a tomar conta do enredo, ficando claro para o leitor que naquela cidade – repleta de ecos e vozes – nada é o que parecer ser.
E é esse mistério por trás da obra que vai, aos poucos, revelando a genialidade de Juan Rulfo, sem que ele precise se valer de uma narrativa complexa ou de uma escrita rebuscada. Pelo contrário! A escrita é muito econômica, tendo o autor se preocupado em cortar ao máximo frases e palavras, para restar apenas o essencial. Tanto isso é verdade, que algumas das passagens ficam em aberto, cabendo ao leitor a tarefa de ligar as pontas soltas com sua própria imaginação.
O cenário em que se passa a obra também é muito simples. É um ambiente árido, quente e rural. Mas mesmo em meio a essa simplicidade, a narrativa consegue despertar no leitor a reflexão sobre questões relevantes e delicadas, como o papel da igreja, coronelismo, incesto, miséria e amor não correspondido.
Foi por meio dessa obra que Juan Rulfo teria iniciado o realismo mágico, técnica que inspirou muito as obras de Gabriel García Marquez e outros tantos escritores.
Esse é, com certeza, um livro que precisa ser relido. Você termina se fazendo perguntas e tentando construir as suas próprias versões da história.
Recomendo muito! Ler Pedro Páramo foi uma experiência engrandecedora!
Trecho: “Esta cidade está cheia de ecos. Parece até que estão trancados no oco das paredes ou debaixo das pedras.”
Editora: BestBolso
Ano de publicação: 2008
Número de páginas: 140
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Nossa! Bons demais: o livro e o comentário.