Vencedor do Prêmio Nobel de literatura de 2017, Ishiguro é conhecido por sua escrita sensível, mesclando a realidade com a fantasia. Apesar de ter gostado da primeira obra que li do autor (“O gigante enterrado”), o escolhido para o mês de novembro do #DesafioBookster2018 não me agradou! A premissa da obra é instigante: um internato em que as crianças são tratadas de forma diferente, criadas para um propósito maior – mas que, para elas, é desconhecido. Nasceram para desempenharem a função de “doadores”.
A escrita de Ishiguro é muito boa, o que deixa a leitura mais fluida e me ajudou a não abandonar o livro. O problema para mim está no desenvolvimento da narrativa. Tive a sensação de que ela não evoluía e que as cenas eram extensas demais, sem contribuir para o desenvolvimento da obra. As questões abordadas pelo autor são interessantes, como ética e condição humana, mas não conseguiram me despertar reflexões. Os personagens também não me cativaram muito. Tentei me apegar a algum deles, mas não consegui me aprofundar nos seus questionamentos. Ao final, me pareceu mais um livro juvenil, que não conseguiu refletir, “através da ficção científica, a questão da existência humana” – como promete uma das sinopses.
Enfim, o livro não ME fisgou; tinha muito potencial, mas achei que foi pouco aproveitado. Por outro lado, recebi muitas mensagens de pessoas que adoraram a leitura! Ou seja, como sempre falo, umas das coisas mais interessantes da literatura é como cada leitor tem uma experiência única com uma obra. Se ficou curioso, leia e depois me conte o que achou! E para quem já leu, quero saber as opiniões! .
Trecho: “É um momento gélido, esse, o da primeira vez em que você se vê através dos olhos de uma pessoa. É como passar diante de um espelho pelo qual passamos todos os dias de nossas vidas e de repente perceber que ele reflete outra coisa, uma coisa estranha e perturbadora.”