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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

FICÇÃO

NOTA 8/10

Canção de ninar, Leïla Slimani

Comecei a ler Canção de ninar já com esse receio, mas com a expectativa de ser um daqueles suspenses que prendem muito a atenção. Logo na primeira página, o leitor já recebe aquele soco no estômago. Duas crianças são brutalmente assasinadas por sua babá e os pais não conseguem compreender o motivo para esse crime cruel.

No entanto, a partir das próximas páginas, confesso que o ritmo desandou. Não dá para negar que o livro prende a atenção do leitor, só que, na minha opinião, a história não passa de um bom suspense, com uma história intrigante. Mas não é aí que o livro se sobressai e, muito menos, que tenha levado à autora a vencer o Goncourt, principal prêmio literário da literatura francesa. Na verdade, o que tira Canção de ninar da mera categoria de um “bom suspense” é a crítica social, com um toque de ironia, que permeia a narrativa e que foi muito bem abordada pela jovem escritora franco-marroquina. É o conflito interno de uma mãe que não quer abrir mão de sua carreira profissional e que recorre a ajuda de uma babá, mas que sofre todos os dias com o estigma da mãe ausente. É a visão de um pai que enxerga na mulher a obrigação de cuidar da casa e dos filhos. É o preconceito da família de classe média com os imigrantes que vêm de países pobres para exercer aquelas funções vistas como “menos dignas”. É a falta de importância dos sentimentos e dos problemas de uma babá, que deve se preocupar apenas em fazer um bom trabalho.

Ou seja, o livro não é puro hype! Recomendo a leitura, mas não como uma indicação de um ótimo suspense – já que, nesse ponto, ele não é fora da curva – e sim como uma obra que consegue ser instigante e, ao mesmo tempo, tecer uma boa crítica social, abordando temas extremamente atuais. A escrita é simples e muito rápida, um livro para ser lido em poucos dias.

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Antes de começar o mês, venho aqui apresentar o livro escolhido, assim como algumas sugestões para quem ainda não montou sua lista! Esse semana terminei a leitura de março e já adianto que foi uma dos melhores livros do ano…

NOTA

CLÁSSICOS, NÃO FICÇÃO

Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus

Os relatos da autora, que datam de 1955 até 1960, trazem o cotidiano miserável e caótico das favelas, em especial da Favela do Canindé, em São Paulo.

NOTA 9/10