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10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

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Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

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NOTA 10/10

Lolita, Vladimir Nabokov | RESENHA

Não é fácil fazer uma resenha de Lolita. Para falar sobre o livro, precisamos passar por um assunto muito polêmico: pedofilia. Nabokov narra a história de Humbert Humbert (H.H.), um homem de meia-idade, que se apaixona obcecadamente por uma garota de 12 anos, Dolores – apelidada de Lolita. Na verdade, quem narra a história é o próprio Humbert, que mergulha o leitor em seus pensamentos e em sua obsessão incontrolável por garotas jovens, que ele denomina como “ninfetas”.
E em nenhum momento H.H. nega que seu comportamento é reprovável. Há, na verdade, diversas passagens em que ele reconhece isso expressamente e se culpa por seus atos. Mas isso não é capaz de frear esse seu desejo interior. E é a partir dessa relação doentia, e não romântica, que Nabokov mostra o seu dom da escrita e a capacidade de construir personagens muito humanos.
O que mais me impressionou na obra é a forma como o narrador consegue manipular o leitor. Ele brinca com constantemente com a realidade, ao ponto de o leitor não saber o que é real ou o que é fruto de uma visão distorcida de Humbert. Será que a própria Lolita provocava H.H., como ele dá a entender? Eu passei a questionar os fatos a todo momento, pois, na verdade, não chegamos a conhecer a verdadeira Dolores, mas apenas a Lolita, na forma como é descrita por Humbert.
Importante dizer que a obra não traz passagens obscenas ou pornográficas. A relação entre H.H. e Lolita é narrada de forma sutil, com pinceladas de vulgaridade – e que ainda assim deixam dúvidas no leitor sobre o que de fato H.H. quer dizer com aquilo.
Além disso, apesar de uma visão totalmente parcial, H.H. se apresenta como honesto: escancara os seus sentimentos e seus conflitos internos. Ele sofre pelo que sente e isso pode gerar, em certos momentos, um sentimento de “compaixão” por Humbert, mas que logo passa.
É um obra sensacional e que, apesar de incomodar o leitor, não traz uma história romantizada da pedofilia, mas a visão manipuladora de um homem atormentado pela obsessão. Foi para a lista de favoritos!

Trecho: “Lolita, luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha, alma, meu pecado (…)”

Editora:  Alfaguara
Ano de publicação: 2011
Número de páginas: 392
Link de compra: https://amzn.to/2D3dSWc

 

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