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10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

LIVROS

NOTA 09/10

Antes de nascer o mundo, Mia Couto

Se o primeiro livro que li do autor – “A confissão da leoa” – não havia me agradado tanto, “Antes de nascer o mundo” serviu para mostrar o seu brilhantismo. Nessa obra, o narrador Mwanito e seu irmão mais velho, Ntunzi, são criados em Jesusalém – e não a Jerusalém que conhecemos. O cenário dessa obra é um espaço no meio da savana de Moçambique e “criado” pelo pai dos dois jovens, Silvestre. Após a morte de sua esposa, Silvestre resolveu deixar a cidade e levar os seus filhos e seu criado, Zacaria, para morar no meio do nada. Lá, onde resolveu chamar de Jesusalém, Silvestre criou os filhos com a ideia de que o mundo que conheciam teria acabado e que só eles haviam sobrado. É uma fuga de um passado pouco conhecido por Mwanito e que não deve ser falado. Qualquer memória deve ser apagada.

E é no meio desse novo mundo que Mwanito apresenta ao leitor suas dúvidas e questionamentos sobre as histórias contadas pelo pai. Sem qualquer lembrança de seu passado, e sem nunca ter visto uma mulher, o jovem narrador não tem alternativa se não acreditar em tudo que seu pai contava. No entanto, sem muitas explicações, Mwanito é atormentado pela figura da mãe, Dordalma, que nunca pôde conhecer, mas que guia os seus passos. Já Ntunzi, o irmão mais velho, guarda mais memórias da antiga vida e, com o desejo de voltar à civilização, entra em conflitos com Silvestre.

A única conexão de Mwanito com o que talvez exista além de Jesusalém – “O lado de Lá” -está no Tio Aproximado, que de vez em quando aparece na aldeia com novidades e com histórias para contar. Um dia, a fuga constante pelo passado se vê abalada quando Tio Aproximado traz uma mulher para Jesusalém.

Com uma escrita sensível e poética, verdadeira arte em forma de texto, essa obra como certeza explica o destaque de Mia Couto com um dos maiores autores contemporâneos da língua portuguesa. Uma obra marcante!

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. “Não chegamos realmente a viver durante a maior parte de nossa vida. Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto, vamos vagalumeando, acesos apenas por breves intermitências.” #bookster

 

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Antes de começar a resenha, uma pergunta: você já leu “O estrangeiro”, de Albert Camus?

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