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NOTA 9/10

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Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

LIVROS

NOTA 8,5/10

A teta racional, Giovanna Madalosso

Uma incrível coletânea de contos que possuem dois pontos em comum: o feminino como objeto central e o humor ácido como característica da escrita da autora. Giovana constrói histórias que questionam a imagem estereotipada da mulher em nossa sociedade e que fazem, sem pedir licença, o leitor refletir. São temas simples e do cotidiano apresentados de forma caricaturada, sem filtros e com uma crítica social muito bem colocada. O próprio conto cujo nome dá título ao livro, já evidencia a proposta da autora: a teta, no caso, é a da mãe, da mãe que precisa “ordenhar-se” no banheiro do trabalho, enquanto escuta reclamações do seu chefe, para poder guardar o leite que o seu filho tomará no dia seguinte, na sua ausência. Em outro conto, “Roleta-Russa”, Giovanna traz a história de uma transexual, portadora do vírus da AIDS e que, por conta disso, é convidada para festas em que o sexo corre sem proteção, em uma loteria da vida. Há também a maternidade apresentada de forma crua, humana, natural, sem aquele glamour que tanto a sociedade insiste em lhe atribuir.

Com uma escrita econômica e de rápida leitura, esse é realmente um daqueles livros que te prendem e, quando você menos espera, já terminou, deixando com uma vontade de querer mais. Apesar de sempre ter aqueles contos preferidos, gostei de todos, o que não costuma ser tão comum em coletâneas. Em cada conto há uma crítica social e traz desperta uma boa reflexão. Romance de estréia de uma autora brasileira que já deixa claro o grande potencial do que ainda tem por vir!

Obrigado @grua, pelo envio do livro!
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“A mãe tem que pôr o bebê para arrotar depois de cada mamada. E era isso que eu estava fazendo quando me deu uma baita vontade de ir ao banheiro. Eu já tinha voltado da maternidade. Estava em casa, sem ninguém para me ajudar. Fui com meu filho no colo até o banheiro, abri a calça e sentei na privada. Caguei. E, enquanto isso, ele regurgitou no meu colo. (…) Quando tentei me limpar, ele se mexeu de um jeito brusco e abriu a ferida do meu mamilo, que estava rachado. Comecei a chorar. E meu filho, sempre em simbiose comigo, chorou também. Nos acolhemos, nos grudamos um ao outro. Uma bola de fezes, vômito, sangue, lágrimas e muco se amando intensamente.” (pág. 12 – “XX + XY”)
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(Editora @grua, 125 páginas)

 

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