Por 70 anos, esse relato impressionante sobre a barbaridade dos campos de concentração ficou restrito aos leitores húngaros. Por conta das consequências da Guerra Fria e do antissemitismo, a obra não chegou a ser traduzida para outros idiomas, o que faz da sua publicação décadas depois de seu lançamento uma redescoberta necessária, uma denúncia sobre o horror do holocausto.
No Brasil, a edição, que conta com uma tradução direta do Húngaro, chega no 80° ano da libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. E o relato de József consegue ficar ainda mais chocante quando se percebe como os acontecimentos são recentes e ainda sobrevivem na memória das gerações seguintes.
O autor foi uma jornalista húngaro, que passou meses preso em campos de concentração. A sua captura ocorreu em 1944, no ano anterior ao final da guerra, o que sem dúvidas assegurou que seu final não se assemelhasse a de tantas vítimas fatais do Holocausto. Mas isso não significa que por muitos momentos o autor não acreditou que fosse morrer nas mãos do exército nazista. Pelo contrário, a leitura deixa claro que ter resistido com vida até a libertação pelas tropas soviéticas foi um resultado milagroso (ainda que seja difícil utilizar o termo em uma circunstância tão brutal).
Lendo os relatos é até difícil de acreditar como o corpo humano consegue resistir (em alguns casos) a uma situação de tanta falta, medo e exaustão. Em seus últimos meses preso no campo, o autor foi mandado para o “crematório frio”, destino dos presos mais fracos e que eram deixados para morrer. Nunca tinha lido nada sobre esses locais e posso afirmar que essas páginas foram as mais inacreditáveis e doloridas de ler. É difícil de compreender o nível de desumanidade que alguém pode checar por conta do poder e do ódio ao diferente.
É a importância de conhecer e ler sobre o passado para que atrocidades como essa não se repitam, ainda que muitos tentem fechar os olhos para o que o ser humano já foi – e ainda é – capaz de fazer.
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