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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

Desafio Bookster, FICÇÃO

NOTA

Eu,Tituba – bruxa negra de Salém, de Maryse Condé | Resenha

Como é bom descobrir uma autora e uma obra tão incríveis! Esse foi um livro que conheci no final de 2019 e, desde que recomendei aqui no #desafiobookster2020, só recebi feedbacks positivos! Autora caribenha, nascida em 1937, Maryse Condé foi vencedora de diversos prêmios literários, tendo em 2018 recebido o New Academy Prize (Prêmio Nobel Alternativo).

A obra pode ser enquadrada na categoria de ficção histórica, em que a autora parte de um fato histórico verídico – a morte de Tituba, uma mulher negra e escravizada, condenada por bruxaria pelos tribunais de Salém – e utiliza a ficção para preencher as lacunas dos registros históricos.

A vida de Tituba é marcada por rejeição, perdas e sofrimento. O início do livro já nos antecipa o destino triste traçado para a personagem: “Abena, minha mãe, foi violentada por um marinheiro inglês no convés do Christ the King, num dia de 16**, quando o navio zarpava para Barbados. Dessa agressão nasci. Desse ato de agressão e desprezo.”

Escravizada ainda na infância, Tituba perde a sua mãe em um triste ato de violência e abuso. A partir disso, descobre e aprende com Man Yayá o poder das plantas e do “invisível” para fazer o bem ao próximo. E é justamente essa sua cultura, essa sua outra forma de enxergar a morte e a ciência, que são utilizados pelo grupos puritanos do século XVII para enquadrá-la como bruxa. Então ser bruxa é ser alguém que se pensa diferente e se coloca em risco para poder ajudar o outro?

E apesar do sofrimento desde o primeiro momento de sua vida, encontramos em Tituba uma mulher guerreira e que não se cala ante às discriminações que enfrenta ao longo da sua vida. Isso, na minha opinião, deixa o livro menos angustiante – embora não menos doloroso. Leitura incrível, que nos faz refletir e aprender sobre um período histórico a partir da perspectiva de uma personagem por muito tempo esquecida.

PS: o prefácio dessa edição contém spoiler.

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