O cenário desta história é a Índia do final da década de 90, retratando a sua estrutura social dividida em castas e a submissão do povo indiano às suas tradições.
Mukta, protagonista da obra, nasce em uma casta de mulheres que, em respeito aos deuses, devem colocar seus corpos à disposição dos homens. Seu destino, portanto, já está traçado desde sua infância e, inevitavelmente, ela trabalhará como uma prostituta. Sendo assim, com pouco mais de 10 anos, Mukta deve passar por seu ritual de iniciação: a perda da virgindade. A beleza da personagem se destaca e isso pode garantir um espaço nos prostíbulos das grandes cidades.
Entretanto, Mukta tem a sorte de ser salva por um homem desconhecido, que a leva para morar junto com sua família. Lá, ela conhece Tara, a filha única da casa. A partir disso, as diferenças de castas entre as garotas entra em conflito com uma possível relação de amizade que tenta se desenvolver. Quando a situação parece melhorar, Mukta é sequestrada e retorna à vida a que as mulheres de sua casta devem se submeter.
A obra é narrada por Mukta e Tara, por meio de capítulos que vão se alternando e revelando a triste vida de Mukta e a luta de Tara para reencontrar a “irmã” que nunca teve. A leitura é fluida e a autora consegue traçar um retrato muito interessante da Índia contemporânea, marcada pela exploração do sistema das castas e a pobreza das grandes cidades. Durante a leitura, cheguei a me questionar em alguns momentos: Como algo tão absurdo pode acontecer nos dias atuais? A obra ainda desperta reflexões sobre a condição da mulher, a força da amizade e a possibilidade de manter a esperança mesmo nas situações mais desafiadoras.
Confesso que em algumas passagens senti que a autora se perdeu no enredo, focando, desnecessariamente, em alguns fatos e criando situações não tão verossímeis. Mas isso não tira a qualidade e importância da obra, que impacta o leitor ao mesmo tempo em que ensina sobre cultura e crenças bem peculiares. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
“A esperança é como um pássaro. Quer se manter em movimento, por mais que se tente aprisioná-la.”#publi
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