Sempre tento manter minhas leituras com obras que estão disponíveis no Brasil. Até porque, se minha intenção é incentivar vocês a ler os livros, não faz sentido ficar indicando algo que o leitor brasileiro não consiga encontrar. Mas e se, às vezes, eu tentar usar essa nossa força aqui para estimular a publicação (ou republicação) de obras esgotadas no Brasil, no caso de a recomendação despertar o interesse em vocês?
“Maurice” é um livro que já estava na minha lista de desejados há um bom tempo. Sempre que eu pedia dicas de livros com temática LGBTQIA+ para vocês, “Maurice” aparecia como uma obra relevante. Porém, está esgotado no Brasil. Quando encontrei essa edição portuguesa no aeroporto de Lisboa, não tive como não garantir a minha!
Bom, mas valeu a pena? Em primeiro lugar, é inegável a importância da obra de Forster para a literatura LGBTQIA+. O autor foi corajoso ao escrever, entre os anos de 1912 e 1913, uma narrativa que aborda paixões entre homens. No início do século passado, o tema ainda era um grande tabu e a possibilidade de retaliações contra o autor era grande. Pelo fato de a sociedade da época não conseguir compreender a obra, o desejo do autor foi que “Maurice” fosse publicado somente após a sua morte, o que ocorreu muitos anos depois, em 1971.
O enredo se concentra em Maurice, um jovem que passa a perceber uma atração por outros colegas, quando a sociedade espera que um adolescente sinta desejo por garotas. É uma história sobre autoaceitação, solidão, mas, acima de tudo, liberdade.
Confesso que demorei para engatar a leitura, mas após as primeiras 50 páginas, consegui me conectar com a obra. Além disso, é importante ter em mente que um romance gay não será abordado por um autor no início do século passado da mesma forma que encontramos hoje na literatura, sobretudo em relação ao retrato e profundidade das relações.
O destaque, para mim, foi o final da narrativa. Após lermos as notas escritas pelo autor, conseguimos entender ainda mais a importância do desfecho da obra! Leiam!
PS: entrei em contato com a @globolivros, mas não tive uma resposta se há pretensão de reimprimir o livro!