Quando você começa uma nova obra de um dos seus autores favoritos, é difícil de evitar as altas expectativas. “Demian” é um dos principais livros do escritor alemão Herman Hesse, que venceu o Prêmio Nobel da Literatura em 1964. Muitos leitores, inclusive, indicam esse livro como uma boa porta de entrada nas obras do autor, já que traz uma temática de adolescência, de formação de um jovem.
Emil Sinclair é o protagonista e narrador da história. Quando ainda criança, vive um momento comum na vida de muitos: a saída da bolha segura e confortável da casa dos pais para enfrentar o desconhecido e os possíveis conflitos com outros jovens de sua idade. Nesse momento, o protagonista conhece Max Demian, um colega de classe que parece ter ideias muito maduras para a sua idade. E é a partir dessa amizade pouco convencional que Sinclair começa a refletir sobre sua existência, sobre as contradições da condição humana e suas dualidades. Demian serve como um guia para Sinclair, que enxerga no amigo alguém à frente de seu tempo. Um guia para o seu autoconhecimento.
A temática me agrada bastante, mas confesso que a primeira parte do livro não me cativou tanto. Tive dificuldades de me apegar aos personagens e essa parte inicial me deixou confuso em alguns momentos (talvez por uma maior carga filosófica). Por outro lado, a segunda parte do livro, com Sinclair mais velho e mais maduro, me interessou muito mais – o que ficou evidente até no meu ritmo da leitura. Como se o personagem estivesse mais consciente sobre os seus conflitos internos e conseguisse passar isso de forma mais clara ao leitor.
Leia Herman Hesse, mas leia com calma e sabendo sobre as principais questões abordadas pelo autor. Não espere uma narrativa comum, repletas de acontecimentos, mas sim uma temática mais subjetiva e filosófica.