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Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

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Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

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NOTA 8/10

Gente ansiosa, de Fredrik Backman | Resenha

Vivendo em um período em que a ansiedade é um grande vilão, não há como não se sentir atraído por esse título. Mas logo que me deparei com a sinopse do romance do autor sueco, que se tornou um best seller em vários países, fiquei um pouco na dúvida sobre de que maneira o título do livro poderia se relacionar com a história.

De forma bem resumida, Backman nos apresenta uma situação peculiar: um grupo de pessoas diferentes uma das outras é feito refém por um assaltante de banco estreante e bem atrapalhado. E é a partir do final dessa confusão que o autor vai nos revelando aos poucos como tudo começou e o que levou cada uma das pessoas a visitar aquele apartamento na véspera do ano novo.

Assim, o que parece ser apenas uma história engraçada sobre um roubo mal-sucedido e planejado, acaba se revelando uma incursão nos conflitos internos de cada um dos personagens. São traumas, angústias, arrependimentos, vontades e crises de relacionamento que, quando misturados, podem caber dentro desse guarda-chuva que o título parece nos indicar: somos todos gente ansiosa. Todos com nossas próprias questões, que costumam ficar bem escondidas quando nos apresentamos em um contexto social – como uma visita a um apartamento, por exemplo.

E toda a situação envolvendo os reféns parece estar relacionada, de alguma forma, com a história de um suicídio ocorrido em uma ponte da cidade há vários anos. A tragédia afetou, de forma única, muitos dos personagens dessa obra, inclusive os policiais – pai e filho – responsáveis por investigar o assalto ao banco. Nesse ponto, confesso que a parte dos interrogatórios me pareceu um pouco cansativa, atrapalhando o bom ritmo da história.

Também vale dizer que você não vai encontrar aqui um grande desenvolvimento sobre as questões psicológicas dos personagens. É muito mais um encontro com diferentes pessoas e seus próprios conflitos. A leitura desperta reflexões, ao mesmo tempo que nos emociona, nos faz rir e questionar sobre o que está além da máscara que cada um carrega no seu dia a dia. Leitura gostosa e interessante!

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Publicado em 1919, a novela de Kafka aborda temas ainda muito atuais, sobretudo em uma sociedade conservadora em que a ideia de fazer justiça é vista como uma forma de entretenimento. Já na primeira página da obra, somos apresentados a uma máquina peculiar, um instrumento de execução capaz de marcar na pele do condenado - ou da vítima - os crimes que ele teria supostamente cometido.

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Nossa Senhora do Nilo, de Scholastique Mukasonga | Resenha

O genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, é um dos episódios mais tristes e brutais sobre os que já li. Cerca de 1 milhão de pessoas foram mortas em apenas 100 dias. Além disso, ter visitado o país em 2019 me permitiu ver de perto como esse acontecimento está marcado profundamente na sociedade, ao mesmo tempo que Ruanda vem demonstrado um forte exemplo de reestruturação social e econômica no continente africano.

NOTA 9/10