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Angústia, de Graciliano Ramos | Resenha

Graciliano tem uma habilidade admirável de criar personagens com densidade psicológica, quase como se pudessem sair andando pelas páginas. Em “Angústia”, talvez o autor tenha conseguido criar o mais real deles, Luís Pereira da Silva, e isso justifica o título da obra, já que o leitor realmente compartilha esse sentimento atormentador com o protagonista.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Amanhã tardará, de Pedro Jucá | Resenha

Em seu romance de estreia, o jovem autor brasileiro nos apresenta uma história forte sobre traumas, relações familiares e sexualidade. E tudo isso a partir de um retorno, da busca às origens: Marcelo, o protagonista, volta a sua cidade natal por conta da doença que acomete seu pai e se depara com resquícios - extremamente doloridos - de um passado conturbado.

NOTA 8,5/10

LIVROS, NÃO FICÇÃO

NOTA 10/10

Herdeiras do mar, de Mary Lynn Bracht | Resenha

Uma das maiores surpresas do ano, a obra é, em parte, ambientada na Coréia sob ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial – um período que conhecia muito pouco.

Hana, a personagem principal, nasceu em uma comunidade de mulheres que seguem uma tradição muito antiga, que remonta ao ano 434. Desde criança , as meninas aprendem a mergulhar no mar e retirar dali a sua fonte de sobrevivência. As mulheres são chamadas de “haenyeo”, as mulheres do mar. Confesso que nunca havia escutado a história das “haenyeo”, mas fiquei muito impressionado em ver como a tradição segue por tantos anos e a forma de organização dessa sociedade semi-matriarcal.

Mas apesar de estar destinada a seguir a mesma vida que sua mãe e avó viveu, Hana é capturada pelo exército japonês. A partir disso, a personagem encara um período triste e violento em sua vida. Isso porque, a personagem foi capturada para servir como uma “mulher de consolo”, a serviço dos soldados em bordéis, o que foi uma realidade muito comum durante a ocupação japonesa na Coréia.

A leitura é muito sofrida, muito mesmo. Mas mesmo assim a história e a força da personagem mantém o leitor nas páginas que estão por vir. Em algumas passagens precisei parar um pouco e recuperar o fôlego. E o mais triste é saber que até hoje as sobreviventes desse período tão sofrido lutam para que os crimes sejam reconhecidos pelo governo Japonês.

Em paralelo à história de Hana, a autora traz para o presente a narrativa de Emiko, irmã de Hana e que nunca soube o que realmente aconteceu após a captura pelo exército japonês. É uma busca por uma mínima verdade do passado…

O sofrimento das “mulheres consolo” me marcou muito e me deixou com a historia de Hana por muito tempo em minha cabeça. Apesar disso, a leitura é muito interessante, pois retrata momentos da história pouco divulgados ao mesmo tempo em que constrói uma narrativa envolvente e com personagens bem desenvolvidas. Recomendo demais!

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