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Angústia, de Graciliano Ramos | Resenha

Graciliano tem uma habilidade admirável de criar personagens com densidade psicológica, quase como se pudessem sair andando pelas páginas. Em “Angústia”, talvez o autor tenha conseguido criar o mais real deles, Luís Pereira da Silva, e isso justifica o título da obra, já que o leitor realmente compartilha esse sentimento atormentador com o protagonista.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Amanhã tardará, de Pedro Jucá | Resenha

Em seu romance de estreia, o jovem autor brasileiro nos apresenta uma história forte sobre traumas, relações familiares e sexualidade. E tudo isso a partir de um retorno, da busca às origens: Marcelo, o protagonista, volta a sua cidade natal por conta da doença que acomete seu pai e se depara com resquícios - extremamente doloridos - de um passado conturbado.

NOTA 8,5/10

DIVERSOS, FICÇÃO

NOTA 7,5/10

Se a rua Beale falasse, de James Baldwin | Resenha

Considerado um dos grandes inovadores da literatura afro-americana nas décadas de 50/70, Baldwin cria uma romance carregado de reflexões sobre desigualdade social e racial. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O cerne da história é a relação de dois jovens, Fonny e Tish, que planejam um futuro juntos e em condições melhores, mas que precisam enfrentar uma sociedade que os discrimina por sua cor de pele e por sua condição social. O cenário é Harlem, um bairro do subúrbio de Nova Iorque, nos anos 70. Logo no início, o leitor recebe a notícia de que Fonny está preso, acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, apesar da falta de provas nesse sentido. Tish, que carrega um filho de Fonny, passa a fazer de tudo para conseguir comprovar a inocência de seu companheiro. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A partir dessa situação, os capítulos passam a alternar entre o presente, com a luta pela libertação de Fonny, e o passado, por meio das memórias de Tish sobre o início de seu relacionamento com Fonny até os fatos que o levaram à prisão.
Ao longo da narrativa, fica nítida a dificuldade de se conseguir o acesso à justiça quando faltam recursos e quando se nasce em condições desfavoráveis. O desespero de Tish e de sua família é realmente comovente; todos passam a se esforçar ao máximo para conseguir, ao menos, pagar um advogado para Fonny. Por outro lado, a família do acusado pouco faz para ajudá-lo, criando até mesmo uma sensação incômoda no leitor: é a falta de afeto e humanidade naqueles que deveriam ser os primeiros a defendê-lo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
É uma história sobre a condenação pela raça, de uma sentença sem defesa, em que o amor e a resistência podem ser as únicas armas para se defender. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Apesar de ser uma leitura muito fluida e prazerosa, com inúmeras referências a músicas de jazz e blues, confesso que senti um pouco de falta de maior aprofundamento nos personagens. O final também me pareceu um pouco abrupto, como se o autor tivesse pressa em finalizar a obra. De todo modo, recomendo a leitura, que me deixou com vontade de conhecer mais sobre as obras de Baldwin.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
“Não se podia comprar o tempo. A única moeda que o tempo aceitava era a vida.”

E aí, o que acharam? Alguém já leu?

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Escolhas da vez!

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Lavoura arcaica, de Raduan Nassar | Resenha

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