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DIVERSOS

Quem matou meu pai, de Édouard Louis | Resenha

Um manifesto literário e íntimo. Com menos de 100 paginas, Édouard Louis constrói um texto híbrido, que combina críticas sociais à desigualdade e à sociedade opressora em que vivemos, com suas memórias, em especial a sua conturbada relação com seu pai, que não aceitava um filho gay. Se a autoaceitação de uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ já é um processo difícil e dolorido, enfrentar esses medos com a repulsa familiar é uma tarefa muito mais sofrida.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Uma história desagradável, de Fiódor Dostoiévski | Resenha

Diferentemente do seus romances mais densos, que se aprofundam nos conflitos e angústias dos personagens, “Uma história desagradável” é uma obra curta e que revela um Dostoiévski mais cômico e menos psicológico. E o que começa com uma premissa bem humorada, acaba levando para um desenvolvimento desagradável - para não dizer caótico.

NOTA 9/10

LIVROS

NOTA 10/10

As meninas, de Lygia Fagundes Telles | RESENHA

Publicado em 1973, durante o governo de Médici, muito se questiona sobre como o livro teria escapado da censura imposta pelo Ato Institucional n. 5 (AI-5). Nesse romance, a autora apresenta a vida de Lorena, Lia e Ana Clara, três jovens com personalidades e passados muito diferentes, mas que vivem juntas em um pensionato de freiras paulistano. Lá partilham de uma amizade forte e vivem as angústias típicas da juventude. Apesar de um título comum e de uma sinopse aparentemente “inofensiva” para um governo autoritário, ao longo da narrativa, o leitor encontra fortes críticas ao regime vigente – contando, inclusive, com a descrição de uma sessão de tortura.

O que mais impressiona na obra, por sua vez, é a construção da história e dos personagens. É um romance em movimento, por meio do qual Lygia vai alternando o foco narrativo entre as três personagens. E é por meio da perspectiva dessas três jovens que Lygia traz o universo feminino sob uma perspectiva moderna, rompendo com questões morais até então impostas por uma sociedade machista. Uma temática muito atual!

O começo da leitura pode até parecer confuso, porque a autora se vale muito da técnica do fluxo de consciência, isto é, tenta inserir o leitor dentro dos pensamentos – desordenados – de cada uma das jovens. São várias vozes se alternando a todo momento. Mas como as três personagens são tão bem construídas, com personalidades marcantes e com um estilo peculiar de se expressar, o leitor vai aos poucos conseguindo identificar quem conduz a narrativa em cada momento.

Para evitar a confusão entre as narradoras, dou uma dica que me ajudou MUITO na compreensão da história: consulte a orelha dessa edição ao longo da leitura, pois nela há uma breve descrição de cada uma das personagens.

Enfim, foi muito interessante acompanhar a vida das três jovens e entrar na intimidade de cada uma a partir de seus próprios pensamentos. Mas lembre-se de que as três apresentam uma visão parcial dos fatos e, por isso, não são totalmente confiáveis. Recomendo muito a obra! Entrou para uma das melhores leituras de 2018! #bookster

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#DesafioBookster2019 : A literatura como meio de reflexão!

Em 2018, lancei o primeiro Desafio Book.ster e fiquei muito feliz com o resultado: muitas pessoas aderiram ao desafio e eu descobri leituras incríveis - e que dificilmente teria escolhido por conta própria. Agora, com o ano chegando ao fim, venho apresentar o #DesafioBookster2019! 

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