Depois de ter sido vencedora do Pulitzer Prize e elogiada por Barack Obama, a obra de Whitehead disparou na lista dos mais vendidos. Aqui no Brasil, o livro dividiu opiniões, inclusive com críticas à edição e à tradução para o português (o que não posso opinar, pois decidi ler no original). Então, apesar de ter me interessado pela premissa da obra, comecei a ler sem saber muito o que encontraria.
O autor criou sua narrativa sobre as famosas rotas clandestinas – “underground railroads” – utilizadas para fuga pelos escravos africanos nos EUA do século XIX. O funcionamento dessas rotas contava com abrigos secretos e a importante ajuda dos abolicionistas que trabalhavam colocando suas vidas em risco para conseguir levar os escravos aos estados livres do norte ou Canadá. E um dos pontos mais interessantes da obra é que Whitehead construiu essa história em um cenário onde essas rotas eram de fato ferrovias subterrâneas, significado literal da tradução do termo “underground railroads”.
E nesse cenário o leitor acompanha a trajetória de Cora, uma jovem escrava que trabalha em uma plantação de algodão e que foi abandonada pela mãe, quando ainda era uma crianca. A vida de Cora muda quando conhece Caesar, um escavo recém chegado na propriedade em que trabalhava, que lhe apresenta uma forma de conseguir escapar dessa vida de sofrimentos: as ferrovias subterrâneas. A partir daí, os caminhos de Cora pela liberdade são repletos de perdas, dificuldades e descobertas sobre a dimensão da escravidão no país.
Eu gostei do livro! A escrita de Whitehead é simples, com vários diálogos, mas com passagens bem fortes envolvendo a condição de vida dos escravos naquela época, despertando reflexões no leitor. Por outro lado, senti falta de um maior envolvimento com os personagens e, em alguns momentos, tive a impressão de que o autor poderia ter se aprofundado mais. Mas, de resto, recomendo a leitura!
Editora: HarperCollins
Ano de publicação da obra:
Número de páginas: 320
Trecho da obra: “Master said the only thing more dangerous than a nigger with a gun,” he told them, “was a nigger with a book.”
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