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10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

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Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

LIVROS

NOTA 8,5/10

A teta racional, Giovanna Madalosso

Uma incrível coletânea de contos que possuem dois pontos em comum: o feminino como objeto central e o humor ácido como característica da escrita da autora. Giovana constrói histórias que questionam a imagem estereotipada da mulher em nossa sociedade e que fazem, sem pedir licença, o leitor refletir. São temas simples e do cotidiano apresentados de forma caricaturada, sem filtros e com uma crítica social muito bem colocada. O próprio conto cujo nome dá título ao livro, já evidencia a proposta da autora: a teta, no caso, é a da mãe, da mãe que precisa “ordenhar-se” no banheiro do trabalho, enquanto escuta reclamações do seu chefe, para poder guardar o leite que o seu filho tomará no dia seguinte, na sua ausência. Em outro conto, “Roleta-Russa”, Giovanna traz a história de uma transexual, portadora do vírus da AIDS e que, por conta disso, é convidada para festas em que o sexo corre sem proteção, em uma loteria da vida. Há também a maternidade apresentada de forma crua, humana, natural, sem aquele glamour que tanto a sociedade insiste em lhe atribuir.

Com uma escrita econômica e de rápida leitura, esse é realmente um daqueles livros que te prendem e, quando você menos espera, já terminou, deixando com uma vontade de querer mais. Apesar de sempre ter aqueles contos preferidos, gostei de todos, o que não costuma ser tão comum em coletâneas. Em cada conto há uma crítica social e traz desperta uma boa reflexão. Romance de estréia de uma autora brasileira que já deixa claro o grande potencial do que ainda tem por vir!

Obrigado @grua, pelo envio do livro!
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“A mãe tem que pôr o bebê para arrotar depois de cada mamada. E era isso que eu estava fazendo quando me deu uma baita vontade de ir ao banheiro. Eu já tinha voltado da maternidade. Estava em casa, sem ninguém para me ajudar. Fui com meu filho no colo até o banheiro, abri a calça e sentei na privada. Caguei. E, enquanto isso, ele regurgitou no meu colo. (…) Quando tentei me limpar, ele se mexeu de um jeito brusco e abriu a ferida do meu mamilo, que estava rachado. Comecei a chorar. E meu filho, sempre em simbiose comigo, chorou também. Nos acolhemos, nos grudamos um ao outro. Uma bola de fezes, vômito, sangue, lágrimas e muco se amando intensamente.” (pág. 12 – “XX + XY”)
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(Editora @grua, 125 páginas)

 

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