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10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

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NOTA 7,5/10

O pavilhão dourado, de Yukio Mishima | Resenha

O ritmo acelerado que vivemos ultimamente vem colocando a pausa e o silêncio como grandes – e incômodos – inimigos. E foi na contramão desse fenômeno que a leitura de um dos principais autores japoneses do século passado atingiu os leitores do meu clube do livro, o Bookster pelo Mundo. Uma obra escrita em 1956, em uma sociedade completamente distinta da nossa e que tinha como protagonista um monge de um templo budista zen, acabou se tornando uma leitura desafiadora – e, para mim, uma experiência muito marcante.

Mizoguchi, um jovem monge gago, nasceu ouvindo seu pai falar sobre O pavilhão dourado, um templo localizado em Kyoto e que detinha uma beleza indescritível. Aos poucos, e depois de conhecer o local pessoalmente, o templo acaba se tornando uma verdadeira obsessão para o protagonista. A beleza do templo, folhado a ouro, o impede de seguir uma vida normal e de seguir a sua trajetória dedicada à filosofia zen. O templo o perturba, é um obstáculo entre Mizoguchi e sua vida.

E ao longo da narrativa, dois personagens acabam cruzando a vida de Mizoguchi, de maneira antagônica: Tsurukawa, um estudante otimista e que nutre uma admiração pelo protagonista; e Kashiwagi, um garoto cínico e que desperta o pior em Mizoguchi, utilizando a sua capacidade de manipulação para enganar as mulheres. Também não há como deixar de considerar o próprio Pavilhão dourado como um dos personagens principais da obra: sua beleza exerce um poder insuportável sobre Mizoguchi. Um lembrete do que o protagonista não poderia alcançar.

A escrita é densa e promove um mergulho do leitor nos pensamentos do jovem monge. Esse caráter psicológico do texto traz um ritmo mais lento e, em alguns momentos, repetitivos, já que estamos na cabeça de um personagem obsessivo e atormentado. São muitas as reflexões propostas por Mishima. Os conteúdos que produzimos para o clube acabaram enriquecendo muito a leitura, tornando essa experiência não só desafiadora, mas de muito aprendizado. O ápice, para mim, foi poder visitar o Pavilhão dourado em Kyoto enquanto eu fazia a leitura: a sua beleza é realmente inesquecível.

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Homem comum, de Philip Roth | Resenha

É comum encontrarmos na literatura a descrição de acontecimentos extraordinários e vidas marcadas por grandes momentos. No entanto, há grandes autores com a habilidade de construir histórias memoráveis sobre vidas comuns, rotinas insossas e partidas sem legados. Já li diferentes obras com essa abordagem e, quando bem feita, consegue me impactar de uma forma única.

NOTA 9/10

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Orgulho e preconceito, de Jane Austen | Resenha

Há livros que carregam um peso quase insuportável de expectativa. Orgulho e preconceito, publicado em 1813, é um desses. Clássico incontornável, adaptado para todos os formatos possíveis, considerado por muitos o grande romance de Jane Austen. No entanto, a minha experiência não alcançou essa expectativa: em vários momentos, a leitura me pareceu arrastada, como se essa grande novela sobre a sociedade do final do século XIX não se tivesse me envolvido.

NOTA 8/10