É comum encontrarmos na literatura a descrição de acontecimentos extraordinários e vidas marcadas por grandes momentos. No entanto, há grandes autores com a habilidade de construir histórias memoráveis sobre vidas comuns, rotinas insossas e partidas sem legados. Já li diferentes obras com essa abordagem e, quando bem feita, consegue me impactar de uma forma única.
Nesse curto romance de um dos principais autores norte-americanos, já sabemos pelo próprio título que o protagonista não tem uma vida digna de um filme de Hollywood. Logo nas primeiras páginas, nos deparamos com o seu fim e como as pessoas mais próximas dele reagem a esse destino inescapável. Aos poucos, vamos descobrindo as memórias de seu passado e o encontro desse homem comum com um futuro do qual ele não tem muito do que se orgulhar.
Esse “homem comum”, cujo nome permanece desconhecido, é um profissional de sucesso que vive em Nova York e enfrenta uma relação complicada com seus dois filhos do primeiro casamento. Ele não se deixa abalar pelo término e segue em suas aventuras por novas relações. Uma nova filha que lhe dá orgulho surge no cenário familiar, que ainda conta com um irmão que desperta sentimentos contraditórios em seu íntimo.
A sua vida é, ainda, marcada por perdas. Desde a infância, o protagonista vê a morte de perto e isso irá marcar a forma como enxerga a vida. Quando a idade avança, começa a notar o desgaste do corpo. Ele se torna uma verdadeira vítima de seu estado físico e de uma sucessão de doenças.
É uma leitura extremamente melancólica! Gosto muito de Roth e da sua capacidade de despertar no leitor reflexões sobre temas universais e, ao mesmo tempo, abordar aspectos contemporâneos. Impossível não se identificar com as angústias de seus personagens – ainda que, nesse caso, o protagonista seja bastante detestável. Mas a pergunta que fica é: será que há no final um verdadeiro arrependimento ao olhar para trás e se deparar com uma vida de pouco significado?




