Nove histórias, de J. D. Salinger
Embora o autor norte-americano J D Salinger seja conhecido mundialmente por “O apanhador no campo de centeio”, publicado em 1951 e com dezenas de milhões de cópias já vendidas, o seu talento de escrever histórias curtas é até mais festejado por quem é fã de seu trabalho.
Em “Nove histórias”, publicado alguns anos depois e reunindo nove contos, somos apresentados para alguns membros da família Glass, que serão melhor aprofundados em suas próximas obras. Os temas da infância e adolescência ganham enfoque nos contos, assim como o período do pós-guerra e a hipocrisia da classe burguesa em um momento de tantas cicatrizes. Apesar de alguns pontos em comum, as histórias são bem diferentes entre si.
Os dois contos mais famosos “Um dia perfeito para peixes-banana” e “Para Esmé — com amor e sordidez” também foram os que mais gostei. Não sei se fui influenciado pela notoriedade das histórias ou se a fama realmente é uma consequência da potência sútil que Salinger confere para as duas narrativas. Neles, há uma interessante reflexão sobre a inocência e os traumas. “O Gargalhada” também foi um texto que me prendeu muito, ao mesclar dois pequenos enredos completamente distintos, mas que instigam o leitor em uma mesma intensidade.
Se você só conhece Salinger pelo seu romance mais famoso, que inclusive não agrada todos os leitores, não deixe de conhecer seus textos mais curtos. Por trás de histórias aparentemente simples e banais, “Nove histórias” aborda temas complexos relacionados às emoções e conflitos humanos.