Depois de terminar esse curto romance da autora colombiana Pilar Quintana, fiquei com a sensação de que meu nível de tolerância para livros com temáticas perturbadoras está bem alto, rs – ou os temas aqui tratados não me tocaram de forma tão profunda. Isso porque quando decidir ler “A cachorra”, recebi diversas mensagens de leitores me alertando sobre o impacto da narrativa e do enredo, algo que se assemelharia a “A vegetariana”. No entanto, confesso que me decepcionei com a leitura…
Em menos de 100 páginas, Pilar Quintana nos apresenta uma protagonista que vive um relacionamento conturbado e repleto de frustrações. Rogelio e Damaris não conseguem ter filhos. E essa “incapacidade” acaba sendo injustamente atribuída à protagonista pelos moradores da comunidade em que vivem, como se ela não prestasse para desempenhar o papel de uma mulher.
Essa vontade de ser mãe acaba sendo acalmada com uma decisão não planejada: adotar um filhote de cachorro que cruza o seu caminho. Damaris enfrenta a solidão, imposta pela natureza ao seu redor, por um marido que não basta e por um trabalho sem tanto sentido – ela cuida de uma casa de veraneio de proprietários que nunca aparecem. Assim, a cachorra surge como uma companhia, ajudando messe sentimento de solidão até nos traumas que Damaris carrega. A protagonista direciona suas frustadas àquele filhote que agora precisa de tantos cuidados.
No entanto, a complexidade dessa relação aumenta e a cachorra, Chirli, acaba despertando sentimentos extremos na protagonista. Há raiva, possessividade, desgosto, amor, rejeição… mas a questão que surge é, novamente, a frustração que uma relação como aquela pode despertar em quem colocou tantas expectativas.
Ao final, senti que não consegui mergulhar em todas as camadas que a autora pretendeu inserir em sua narrativa. A leitura ficou rasa e senti falta de um mergulho naquele ambiente interior de Damaris. Talvez uma segunda leitura me ajude a compreender melhor a dimensão dessas relações…
6/10




