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DIVERSOS

10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho, de Elif Şafak | Resenha

A premissa desse livro, da autora turca Elif Shafak, é incrível e afeta diretamente a estrutura da narrativa. A obra parte de um dado sobre o funcionamento do nosso corpo, com base em observações científicas: após o coração parar de bater, o nosso cérebro ainda apresentaria atividades por até 10 minutos e 38 segundos. E Elif Shafak se vale dessa informação para dar início a história de Leila Tequila, já que logo na primeira página nos deparamos com a informação que a protagonista teria sido assassinada.

NOTA 9/10

DIVERSOS

Carta ao pai, de Franz Kafka | Resenha


Quais os impactos que uma relação conturbada entre com o pai pode trazer para a vida de um filho? A partir de uma longa carta escrita por Kafka ao seu pai, Hermann Kafka, em 1919, podemos concluir que as marcas são duradouras e complexas. O texto é muito potente e nos dá a sensação de mergulhar na intimidade de alguém, como se estivéssemos abrindo um diário que nunca deveria ter sido lido.

NOTA 9/10

DIVERSOS

NOTA 9,5/10

Se Deus me chamar não vou, de Mariana Salomão Carrara | Resenha

Sou um grande fã de livros narrados por protagonistas infantis. Alguns autores realmente conseguem nos transportar para a visão ingênua e inteligente de um personagem que ainda está tentando entender o mundo a sua volta. No caso de “Se Deus me chamar não vou”, de Mariana Salomão Carrara, um dos principais nomes da jovem literatura contemporânea nacional consegue fazer isso de forma impactante e espirituosa, tocando em temas sensíveis que despertam a reflexão no leitor.

Maria Carmem tem apenas 11 anos. A garota se sente solitária, ajuda na loja de seus pais voltada para produtos para idosos, também conhecida como “loja de velhos” e é alvo de bullying pelos seus colegas de sala. O ambiente escolar nessa idade pode ser cruel: as crianças não costumam perdoar quem é diferente. E é a partir do diário da protagonista, que tem o desejo de se tornar escritora no futuro, que conseguimos acompanhar o desenvolvimento de suas reflexões. Ela deseja ser ouvida (e lida).

Não há dúvidas de que o sofrimento de Maria Carmem toca o leitor, criando uma conexão quase que instantânea com a nossa criança que se mantém dentro de nós pelas memórias. Quem já vivenciou de alguma forma episódios de bullying, vai se identificar ainda mais com a narrativa. No entanto, a inteligência da protagonista, misturada com sua ingenuidade diante dos aspectos mais complexos da vida, tornam a leitura instigante e até mesmo bem-humorada.

Também gostei de poder acompanhar a relação da garota com seus pais. Ela analisa detalhes da relação dos dois, mesmo com a tendência de simplificação típica das crianças, e acaba tendo que lidar com uma mudança peculiar com o surgimento de um novo personagem. Será que Maria Carmem terá espaço nessa casa cheia?

As poucas páginas da obra deixaram em minha a sensação de “quero mais”. Quero conhecer mais o universo de Maria Carmem, quero acompanhar sua adolescência e, acima de tudo, quero mostrar que ela não está sozinha. Leiam, leiam e leiam!

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Na voz dela, de Alba de Céspedes | Resenha

A autora italiana, que inspirou Elena Ferrante, construiu narrativas que, mesmo decorrido mais de 70 anos, ainda dialogam com o leitor contemporâneo. Assim como no sucesso “Caderno proibido”, em seu novo romance publicado no Brasil a autora mergulha no universo feminino e constrói uma personagem que não se submete ao papel que a sociedade teria escrito para as mulheres de sua época. Alessandra Gorteggiani é uma jovem que deseja ter sua voz ouvida.

NOTA 9,5/10

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Santo de casa, de Stefano Volp | Resenha

A perda de um pai é, normalmente, um momento de tristeza e muita dor. Mas o que acontece quando as memórias do passado são carregadas de mágoa e conflitos? É isso que descobrimos ao acompanhar os rastros que a morte trágica de Zé Maria deixa para sua esposa, Rute, e seus três filhos. Todos retornam à cidade natal, onde ainda moravam os pais, para viver o luto e organizar o velório. Esse encontro, no entanto, vai reabrir feridas, permitir descobertas e despertar uma confusão de sentimentos. É possível amar e sofrer pela perda de quem nos fez mal?


NOTA 8,5/10