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Angústia, de Graciliano Ramos | Resenha

Graciliano tem uma habilidade admirável de criar personagens com densidade psicológica, quase como se pudessem sair andando pelas páginas. Em “Angústia”, talvez o autor tenha conseguido criar o mais real deles, Luís Pereira da Silva, e isso justifica o título da obra, já que o leitor realmente compartilha esse sentimento atormentador com o protagonista.

NOTA 9/10

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Amanhã tardará, de Pedro Jucá | Resenha

Em seu romance de estreia, o jovem autor brasileiro nos apresenta uma história forte sobre traumas, relações familiares e sexualidade. E tudo isso a partir de um retorno, da busca às origens: Marcelo, o protagonista, volta a sua cidade natal por conta da doença que acomete seu pai e se depara com resquícios - extremamente doloridos - de um passado conturbado.

NOTA 8,5/10

DIVERSOS

NOTA Nota 9/10

Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado | Resenha

Se a questão de saúde mental e o conceito de “loucura” ainda estão acompanhados de muito preconceito e falta de informação, é difícil imaginar como o tema era tratado na década de 60. Por meio de seus diários, publicados originalmente em 1965, a escritora mineira compartilha o dia a dia internada em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Muito embora Maura fosse muito jovem naquele momento, essa já era sua terceira internação.

Ao longo de sua escrita, conhecemos um pouco de sua origem, de uma infância rica em Minas Gerais, até começar a enfrentar desafios relacionados à família e à forma como a sociedade a julgava. Em sua vida, Maura foi internada diferentes vezes e, em “Hospício é Deus”, o leitor consegue entender um pouco da angústia que cercava o local e do tratamento desumano que muitos dos pacientes recebiam, com claras situações de abusos físicos e psicológicos.

E ao analisar esse ambiente que estava inserida, em conjunto com outros personagens, como enfermeiras e médicos, Maura consegue construir um cenário completo, que transporta o leitor para uma realidade tão distante. Os aspectos subjetivos da autora ficam, em alguns momentos, mais em segundo plano. No entanto, quando Maura nos conta sobre a sua relação com um médico específico do hospital em que estava internada, é possível mergulhar um pouco mais em seu interior.

É impressionante como Maura conseguia não transparecer os problemas psiquiátricas em sua escrita. O texto é muito claro, fácil de ler e bem construído. Também é interessante ver o interesse de Maura pela escrita e pela literatura. Em seu diário, há diversas referências a seus próprios textos e a outras obras literárias.

“Hospício é Deus” ficou esquecido por muitas décadas, tendo sido resgatado pelo mercado editorial apenas em 2015. A nova edição da @companhiadasletras traz dois textos de apoio, inclusive um deles escrito pela autora e psiquiatra Natália Timerman, que faz um exercício interessante de tentar “diagnosticar” Maura a partir de sua escrita e de seus relatos.

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A busca por uma efetiva reconciliação entre pais e filhos é tratada na literatura há séculos. Para a ativista e poeta norte-americana, Maya Angelou, esse processo teve início muito cedo, aos 13 anos. Depois de problemas no casamento, Maya e seu irmão mais velho foram abandonados pela mãe quando os dois ainda eram muito pequenos. A infância foi vivida na casa da avó paterna, em um estado racista no sul dos Estados Unidos.

NOTA 9/10