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Angústia, de Graciliano Ramos | Resenha

Graciliano tem uma habilidade admirável de criar personagens com densidade psicológica, quase como se pudessem sair andando pelas páginas. Em “Angústia”, talvez o autor tenha conseguido criar o mais real deles, Luís Pereira da Silva, e isso justifica o título da obra, já que o leitor realmente compartilha esse sentimento atormentador com o protagonista.

NOTA 9/10

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Amanhã tardará, de Pedro Jucá | Resenha

Em seu romance de estreia, o jovem autor brasileiro nos apresenta uma história forte sobre traumas, relações familiares e sexualidade. E tudo isso a partir de um retorno, da busca às origens: Marcelo, o protagonista, volta a sua cidade natal por conta da doença que acomete seu pai e se depara com resquícios - extremamente doloridos - de um passado conturbado.

NOTA 8,5/10

DIVERSOS

NOTA 10/10

Ioga, de Emmanuel Carrère | Resenha

Não se deixe enganar pelo título. Um dos mais importantes escritores contemporâneos da França pode até ter pretendido escrever sobre a sua experiência em um retiro de meditação e silêncio que duraria 10 dias. Aquela realmente parecia uma atitude corajosa e que poderia despertar reflexões interessantes. Mas os acontecimentos que sucederam esses dias e seu olhar atento à realidade a sua volta deram um rumo totalmente inesperado à obra.

E, na minha opinião, essa atipicidade do texto criado por Carrère me fascinou tanto. Acompanhamos o autor em reflexões que, de fato, iniciam sobre a relevância da ioga e meditação em sua vida, mas que acabam desembocando em temas espinhosos como saúde mental, terrorismo e crise dos refugiados.

A morte de um amigo no marcante atentado ao prédio do jornal satírico francês Charlie Hebdo é o ponto inicial da desestabilização que acomete o autor. Ele relata de forma muito crua e franca o seu transtorno bipolar, as crises que colocaram a sua vida em risco, as dificuldades amorosas, a estadia em uma ilha grega com refugiados e a descrença em um futuro minimamente tolerável.

Carrère não se esconde do leitor em momento algum e isso é fascinante. Fiquei preso na leitura sem saber por onde o autor me conduziria naquelas páginas. E considerando a diversidade dos temas tratados, não há como não se identificar em diferentes momentos – ou discordar veementemente do autor.

A escrita é simples, já que o objetivo do texto é outro. A criação estética literária fica em um segundo plano e isso não prejudica em nada a experiência da leitura. Gostei muito dessa surpresa, mas reconheço que essa leitura pode não ser para qualquer tipo de leitor.

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O animal social, de Elliot Aronson | Resenha

Não é segredo que sou fã de ficção e que a maioria das minhas leituras está inserida nesse gênero. Mas a verdade é que frequentemente sou surpreendido - de forma positiva - quando me aventuro em obras mais técnicas e que buscam aproximar o leitor de temas relevantes. E foi esse o caso de “O animal social”, uma referência na área da psicologia social, publicado em 1972.

NOTA 9/10

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O vício dos livros, de Afonso Cruz | Resenha

Livros sobre livros me encantam - talvez isso explique o motivo de eu ter escrito um. Gosto muito de entender como a literatura é uma experiência individual e como os livros desempenham diferentes papéis na vida de um leitor. Quando soube que o autor português tinha uma coletânea de textos sobre o tema, logo coloquei “O vício dos livros” na minha lista de próximas leituras. O título já gerou uma identificação imediata: assim como Afonso Cruz, eu também dependo da literatura para conseguir estar no meu estado de “normalidade” (entre muitas aspas).

NOTA 7,5/10