Literatura infantil: Cartas ao filho, de Alejandro Zambra
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“Com você no colo, vejo pela primeira vez, na parede, a sombra que formamos juntos. Você tem vinte minutos de vida”. É com emocionante a experiência do primeiro contato de pai e filho que o leitor inicia o texto de “Literatura infantil”. E não se deixe enganar pelo título, já que a obra não é voltada para crianças, mas sim um convite para que os adultos mergulhem como espectadores na experiência inédita da paternidade.
Se vários são os livros escritos para os pais, seja em homenagens ou até em um acerto de contas, o autor chileno decidiu inovar e escrever “cartas ao filho”. “Narrar o mundo de que uma criança se esquecerá – tornamo-nos correspondentes de nosso filhos – é um desafio enorme”. E para o leitor, essa aventura é acolhedora e chega a esquentar o coração. Ao longo dos dias que sucedem o nascimento, acompanhamos as vivências e as descobertas de Zambra ao se encontrar na figura de pai pela primeira vez. É o aprendizado dessa “tarefa” que nasce sem manual de instruções, mas que vem junto com medos, descobertas, muita alegria e também frustrações.
Superada essa primeira parte, a obra nos revela os mais diferentes gêneros de textos, em que a paternidade é o tema que os une. Contos, crônicas, ensaios e mais relatos pessoais. E na escrita autobiográfica, o ponto alto do livro para mim, também encontramos a relação do Zambra como filho e a presença da literatura em toda a sua vida. Mesmo não sendo pai, a identificação com diferentes trechos da leitura foi inevitável.
Misturando um diário de paternidade com textos de ficção, o autor se vale de uma escrita fácil e simples, o que é, inclusive, uma característica das suas obras, mas sem nunca deixar a sensibilidade de lado.
“Literatura infantil” é uma leitura aconchegante, leve e, sobretudo, uma declaração de amor aos filhos.