Bukowski é conhecido por suas prosa polêmica e não é a toa que recebe o apelido de “velho safado”. Em seus romances, o leitor se deparar com personagens homens, machistas e mulherengos. Henry Chinaski é a sua principal criação e está presente em cinco de suas obras, incluindo Factótum. Nunca tinha lido nada do escritor norte-americano até agora.
Chinaski é um típico anti-herói. O personagem é um escritor que vive bebendo, em busca de mulheres e trocando de empregos – porque não para em nenhum. Em Factótum, o protagonista acaba de ser dispensado para combater na Segunda Guerra Mundial e, sem rumo, inicia uma perambulação sem muito propósito ou afeto a sua volta.
Chinaski não consegue atingir o sucesso no seu ofício com autor e, por isso, recorre as mais diversas funções para conseguir sobreviver (o que ele faz bem mal, diga-se de passagem). A displicência do personagem com suas mínimas responsabilidades e compromissos chegou até a me incomodar. É o extremo de quem não quer nada com a vida, a não ser beber e se relacionar com mulheres, sem se preocupar com o dia de amanhã.
A leitura é bem fácil e rápida, mas em alguns momentos senti que o enredo ficava um pouco repetitivo. Era Chinaski mudando de um trabalho para outro, de um quarto sujo para outro. É provável que essa tenha sido uma reação proposital que o autor queria causar no leitor!
A nova edição da @harpercollinsbrasil se destaca pela tradução, feita por Emanuela Siqueira, uma tradutora feminista (sim, isso mesmo), que contextualiza e traz um olhar crítico sobre as problemáticas existentes na obra de Bukowski, sem, no entanto, modificar o conteúdo. É a possibilidade de lermos autores e textos mais polêmicos, que refletem um pensamento de uma época, sem deixar de lado uma leitura atenta e consciente.